domingo, janeiro 24, 2016

POSSIBILIDADES DE IR, MAS FICAR.



Vamos já esclarecer uma coisa: ficar duas horas a olhar para a Jennifer Lawrece, nunca fez mal a ninguém. E, na verdade, ela é a dona do ecrã em "Joy". Se é suficiente para ganhar a estatueta de 2015, isso já é outra história.


Vamos então ao filme: com um elenco como este (Robert De Niro, Isabella Rossellini, Bradley Cooper, Diane Ladd...) as expectativas são sempre muito altas. O que acontece em Joy, é que elas nunca se concretizam.
Imagino que deve ser difícil fazer um filme sobre a invenção da esfregona, não é propriamente - pelo menos à partida - o mais interessante dos temas. Mas a verdade é que o filme também nunca faz muito para sair do limiar das possibilidades.


O filme tem a possibilidade de ser uma excelente comédia, mas nunca consegue mais que uma gargalhada tímida, pouco convincente; o filme tem a possibilidade de ser um excelente drama familiar, mas pouco mais consegue que uma lágrimasinha perdida; o filme tem a possibilidade de ser um excelente panfleto sobre a luta pelo sucesso, mas vai pouco mais longe que um anuncio de televisão.


 Joy é apenas metade do que podia ser, em todas as perspetivas que se queira olhar para ele. David O. Russel não deixa de lhe conferir alguma competência, mas é uma mera possibilidade. No fim fica sempre um certo sabor amargo, daquilo que o filme tinha possibilidade de atingir.

segunda-feira, janeiro 11, 2016

12 RAZÕES PARA CONHECER BOWIE


Não vão faltar rapidamente coletâneas, reedições e homenagens. A minha pergunta aqui é simples: se os meus netos me perguntarem quem foi David Bowie, o que é que eu posso responder?

Space Odity (Space Odity, 1969)


Life on Mars (Hunky Dory, 1971)


Rock'n'Roll Suicide (The Rise and Fall Of Ziggy Stardust and The Spiders from Mars, 1972)


Rebel Rebel (Diamond Dogs, 1974)


Young Americans (Young Americans, 1975)



Heroes (Heroes, 1978)


Scary Monsters (And Super Creeps) (Scary Monsters... And Super Creeps, 1980)



Let's Dance (Let's Dance, 1983)



Blue Jean (Tonight, 1984)


I'm Afraid of Americans ft. Nine Inch Nails (Earthling, 1997)



Thursday's Child (Hours, 1999)



Lazarus (Blackstar, 2016)



sábado, janeiro 09, 2016

E DEPOIS ENTRANHA-SE...



Nas de qualquer outro que não fossem Yorgos Lanthimos e Efthymis Filippou, "The Lobster" certamente descambaria em algo incompreensível e intragável.


Primeiro estranha-se: é ficção cientifica? É político?... Depois a pouco e pouco, entranha-se e cola-se à pele. É a altura em que já não conseguimos tirar os olhos do ecrã.


É uma comédia!... Ou parece ser. Só que este humor "tipo inglês", que nunca nos deixa rir às gargalhadas, não é nem óbvio nem fácil.


É certamente um romance. Mas, em certas alturas, até a memória de "Stalker" de Andrei Tarkovsky me veio à cabeça.


É daqueles filmes que têm de ser visto, nem que seja para o recusar completamente. Vai demorar tempo a entrar, mas depois vai ser difícil sair!

sexta-feira, janeiro 01, 2016

HITCHCOCK JANTA COM DOSTOIÉVSKI




É gratificante quando podemos ter um romance que não seja uma colagem de clichés. É verdade que Woody Allen não é consensual e, principalmente, é uma montanha russa, capaz do melhor e do pior nun curto espaço de tempo. Aquelas viagens pelas capitais europeias, deixaram "Match Point" e pouco mais.


 "Irrational Man" tem Kant, Kierkgaard, Heidegeer e, de repente, tem Hitchcock e Patricia Highsmith no "Desconhecido do Norte Expesso". E tem crime e tem castigo. Um cocktail de moral, imperativo categórico e Dostoiévski.


É um filme para quem gosta de ler e de ouvir. Woody Allen não abdica dos diálogos longos e dos planos fixos em travelings lentos, enquanto os personagens debitam ideias cruzadas, que vão discutindo ao longo de caminhadas (aparentemente) infindáveis, embora aqui não chegue aos extremos de "Comédia Sexual Numa Noite de Verão"


E depois tem o regresso da adolescente apetecível - um fetiche que só Woody Allen consegue manter sem parecer ridículo -, só que Jill (Emma Stone) não anda perdida em "Manhattan", nem tem a candura e a inocência virginal de Mariel Hemingway.


Há uma coisa que posso garantir: não é um filme que irá rebentar com as bilheteiras, nem fazer o grupo sair do cinema com as ideias consensuais. Mas há outra coisa: não há nada melhor que possam fazer hoje, do que enfiarem-se num cinema a ver "Irrational Man", para curar a ressaca da noite de passagem de ano.