segunda-feira, janeiro 25, 2021

10 MUSICAIS PARA O CONFINAMENTO

 Os leitores destas pequenas crónicas cinéfilas, sabem que os musicais não abundam por aqui. Já calcularam, obviamente, que não é um dos meus géneros favoritos e têm razão. Foi por isso que decidi fazer um pequeno exercício e tentar encontrar 10 filmes que me tenham entusiasmado acima da média. 

Para os mais atentos, vai faltar aqui muita coisa, de “Feiticeiro de Oz” a “Cabaret”, de “Moulin Rouge!” a “Annie” e, claro, algumas obras primas da Disney. Mas alguma escolha teria de ser feita e há aqui tanto de musicais, como de filmes “com” música – o que, para ser claro, são coisas bem diferentes.

SINGIN' IN THE RAIN (SERENATA À CHUVA) 1955


Se não foi o meu primeiro musical, deve ter sido quase. É particularmente interessante, porque é um filme sobre cinema, a história duma vedeta que se revela incapaz de se adaptar às novas tecnologias, neste caso, o som. Sabemos hoje, que o próprio Hitchcock resistiu muitos anos a filmar com som, coisa que se veio a revelar fundamental nos seus filmes, quando se rendeu.

 A dança do chapéu de chuva, transformou-se num icon da própria indústria do cinema e permanece no imaginário de qualquer cinéfilo que se preze. 

 

 

THE SOUND OF MUSIC (MÚSICA NO CORAÇÃO) 1962

 


Qualquer lista de musicais, que não tenha este filme, é uma fraude! A história duma freira rebelde e da família Von Trapp,  é aquele filme que todos dizem odiar, mas que todos já viram centenas de vezes – nem que seja uma espreitadela pela fresta da porta, quando ouvem alguma música em particular


  

JESUS CHRIST SUPERSTAR  1973

 


Este filme conta a história dos últimos três dias da vida de Cristo e começou por ser uma “ópera rock”, estreada em 1971 na Broadway, com algumas estrelas da época. Desde aí, tem tido encenações por todo o mundo e em todas as línguas.

Em 1973 Norman Jewison  levou um grupo de actores para o deserto e pôs em filme a obra, que se tornou notada pela mistura de elementos modernos com a história bíblica, que se mantêm, tanto quanto possível, fiel às escrituras.


 TOMMY 1975

 


Este filme é uma sátira e é nessa perspectiva que tem de ser visto. Uma sátira mordaz, repleta de estrelas rock. Ficaram para a história a fantástica Acid Queen de Tina Turner, o padre de Eric Clapton, ou o campeão deflippers de Elton John, apenas como exemplo.

O projectou parece ter andado na cabeça de Pete Townshend durante vários anos, até encontrar no realizador Ken Russel o parceiro ideal, para levar à tela as loucuras que imaginou. Diz a Wikipedia que custou 3 milhões e facturou 43 milhões. Não deixa de ser um enorme feito!


 

A STAR IS BORN (NASCE UMA ESTRELA) 1976

 

Este filme tem, pelo menos, quatro versões, que foram passando de geração para geração, a mais recente de 2018. Eu escolho a de 1976 porque foi a da minha geração, embora seja muitas vezes considerada a pior de todas, tendo servido apenas para alimentar o ego de Barbara Streisand, subjugando um Kris Kristofferson completamente desinteressado.

Serve principalmente como curiosidade, para comparação com a mais recente e muito melhor versão  com Lady Gaga e Bradley Cooper.


 

GREASE (BRILHANTINA) 1978


 Que atire a primeira pedra, quem nunca se divertiu ao som de “Summer Nights” ou “You’re The One That I Want”. A química entre John Travolta e Olivia Newton-John é tão grande, que basta deixar rolar e Randal Kleiser – sim, sim, o mesmo da “Lagoa Azul” original! – limita-se a andar de câmara na mão atrás deles.


 

THE JAZZSINGER 1980


 Este é um daqueles a que eu me referia, quando dizia ser muito mais um filme com música, que um musical. Com Neil Diamond (um nome que faz comichão a qualquer rocker que se preze) em excelente forma, conta a história dum judeu numa família demasiado tradicional, que sonha romper os laços e tornar-se cantor jazz.

É mais um daqueles que têm várias versões, tendo sido a  de 1927 altamente aclamada. Talvez o primeiro filme a aproveitar todas as potencialidades da nova tecnologia: o som. Pela primeira vez os actores tinham voz e boa!


 

ONE FROMTHE HEART (DO FUNDO DO CORAÇÃO) 1981


Ainda hesitei em meter este filme aqui, mas o meu fanatismo por Francis Ford Coppola falou mais alto. Muito à frente do seu tempo na técnica utilizada – chamaram-lhe “cinema electrónico” – “One From The Heart” introduziu aquilo a que se viria a chamar “digital”.

Foi um falhanço a todos os níveis, tendo levado a Zoetrop Studios à falência e obrigando Coppola a trabalhar por contratos, para pagar as dívidas. É uma injustiça, porque é um filme maravilhoso e apaixonado. Hoje, o público que o rejeitou, sofre com pesadelos de arrependimento.




 MAMMA MIA!
- Here We Go Again 2008

 


Os ABBA devem ser a banda disco-pop de maior sucesso de todos os tempos. A colecção de hits, de refrões fáceis e letras a circular na boca do mundo, é tão grande, que qualquer “best of” fica quase infinito.

O que Phyllida Lloyd se limitou a fazer, foi pegar num elenco de estrelas e coloca-las a cantar as músicas que todos conhecemos, no contexto dum romance vagamente misterioso. O resultado é brilhante!

 


 LA-LA LAND (MELODIA DE AMOR) 2016 


 Já aqui escrevi sobre “La-La Land” e tenho pouca coisa a acrescentar. Este filme fez renascer dos mortos um género que já foi rei em Hollywood. Os primeiros 10 minutos de filme, feitos num só take, permanecem no meu imaginário, como uma das melhores cenas de abertura que já vi. Podia citar mais algumas ao mesmo nível, mas não são para aqui chamadas.

 


Uma música por dia




quinta-feira, janeiro 21, 2021

FADAS DO MAR

CRÉDITOS COMPLETOS

https://dai.ly/x7powra

TRAILER

Island” começa com uma frase: “Aos 29 decidi matar a minha mãe” – uma voz-off feminina, com o ecrã ainda negro. O que poderia ser uma mera constatação de conversa de café sobre Freud – afinal já todos nós decidimos matar o pai ou a mãe – vai manter-se suspensa por todo o filme. De forma obsessiva, quase subconsciente, fica a pairar como uma faca sobre a cabeça, não do objecto da intenção, mas da autora da sentença.

Elizabeth Mitchell e Brek Taylor filmam uma história sobre silêncios e desencontros, mesmo quando os personagens conversam e estão juntos. “Island” é muito mais sobre o que não se diz, sobre o frio desolador e pessoas sós, incompreendidas e – porque não? – incompreensíveis. É sobre o nevoeiro que cai à noite na floresta – quem se vai lembrar da Branca de Neve? – e o mar que trás histórias de fadas e lendas de marinheiros.

 Nikki Black (Natalie Press), sob o pretexto de trabalhar num projecto de geografia humana, chega a uma ilha – que não se sabe onde fica, nem como se chama. Aluga um quarto em casa de Phyllis (Janet McTeer), que tem um filho, Calum (Colin Morgan). A partir daí, a história vai desenrolar-se de forma crua e dura. Se acaba bem ou mal, cada um decida por si.

 Os realizadores não fazem brincadeiras com as câmaras, nem o filme vem embrulhado em coloridos de luxo. “Island” é frio como o tempo na ilha, cru como a vida de pescador e misterioso como as histórias que o mar trás. Nada aqui é supérfluo nem especialmente abrilhantado e até a banda sonora é tão discreta, que chegamos a duvidar que exista.

 Minimal até à exaustão, não vai agradar a todos os espectadores. Eu gostei muito de “Island”, mas compreendo que muita gente não esteja de acordo comigo e muitos vão mesmo desistir a meio, ou até antes. É um filme tão simples que parece feio, feito daquela beleza que não se explica, porque parece não estar lá.

segunda-feira, novembro 09, 2020

SUBTILEZAS SUL-COREANAS

Parasita: FICHA TÈCNICA



Decidi-me finalmente a ver “Parasite”, o vencedor absoluto dos Óscars de 2020. Se estão a ler esta pequena crónica antes de terem visto o filme, aconselho vivamente a largarem o computador e correrem para o cinema. E depois, quando acabar, voltem ao principio e vejam outra vez. Este é um filme que merece ser rebobinado! 

“Parasite” é divertido sem ser cómico, é dramático sem ser triste. Começa como uma fábula social – veio-me logo à cabeça o “Feios, Porcos e Maus” de Ettore Scola -, transforma-se numa espécie de policial e acaba como um slasher de série “B”.

O filme é, ao mesmo tempo, fácil e difícil de sintetizar: duas famílias de meios económicos opostos, vão cruzar-se de forma radical. E é tudo o que é importante saber antecipadamente. O realizador Bong Joon-ho  não faz grandes segredos, leva o espectador pela mão com calma, com reviravoltas mas sem sobressaltos.

 À primeira vista, o filme não é de sustos, nem inesperados, nem surpresas. Como diz Ki Taek (Kang-ho Song) “não vale a pena fazer planos, que a vida acaba sempre por alterar o previsto”. É melhor deixar tudo seguir o seu curso e agir em conformidade em cada momento e, nessa perspectiva,   “Parasite” parece sempre ser de uma previsibilidade desconcertante. Quando não o é, o espectador acaba por ficar espantado com o facto de não ter previsto o que estava mesmo à vista que iria acontecer.

Ao contrário de outros filmes que já aqui falei, que tentam abordar tantos géneros diferentes, acabando numa salada desinteressante, “Parasite”  é várias coisas – de drama a thriller, de comédia e romance – acabando por ser exactamente isso que é.  

Como disse lá para trás, este filme vai pedir uma revisão. Repleto daquele tipo de surpresas, que só o são porque, de tão óbvias, o espectador se espanta por não as ter previsto. É, ao mesmo tempo, uma obra cheia de pequenas subtilezas que, no final, vamos querer rever, para tentar encontrar a ponta da meada, que nos fez perdê-las durante a primeira visualização.

“Parasite” vale a pena em todos os sentidos. Leva-nos pela mão com carinho, mantém-nos agarrados ao ecrã com o interesse sempre no pico, desperta-nos os sentidos para o pormenor e para o geral. Pode-se dizer que nada falha, nada está a mais, nada está a menos.





segunda-feira, outubro 19, 2020

O DRAMA DA FALTA DE COMPROMISSO

A Balada de Adam Henry: ELENCO COMPLETO

 


O que vou escrever a seguir, necessita que eu comece pelo fim: Fiona Maye (Emma Thompson), uma juíza do Supreme Court, está a ver o seu casamento com Jack (Stanley Tucci) desmoronar-se. Ao mesmo tempo, é chamada a decidir sobre um caso que opõe um hospital e os pais de um jovem (Fionn Whitehead) que recusam, por motivos religiosos, uma transfusão de sangue que lhe pode salvar a vida. O argumento é escrito por Ian McEwan, basedo no seu próprio livro - que eu não li, portanto não vou emitir opinião.

Vamos então ao que interessa: não é segredo para ninguém a minha admiração pelo cinema inglês. "The Children Act" não foge à regra. Servido por actores brilhantes, uma "mise-en-scène" perfeita, uma reconstrução cuidada dos ambientes e das situações, este filme tinha tudo para ser o drama de todos os dramas. Devia chamar o espectador a comprometer-se, devia explorar o assunto até à exaustão. Mas não o faz, e acaba por tornar-se um balão vazio.

Podia ser um grande filme a todos os títulos, até porque o realizador Richar Eyre - o mesmo de "Iris", por exemplo -, não estraga o que tem à mão. Aproveita o que de melhor os actores lha dão, retrata a história com sobriedade e leva o espectador com cuidado e sensibilidade. Não é por falta de competência que a coisa falha. É mesmo por querer fugir ao tema.

A vida de Fiona é dirigida com a mesma precisão com que dita leis no tribunal. A sua relação com o marido desfaz-se por falta de humanidade. "The Children Act" podia ser um grande drama romântico, mas o argumento parece fugir ao tema, a vida privada da juíza é tratada de forma tão superficial, que o próprio espectador parece ficar de fora do assunto, que, afinal, é um dos temas centrais. Poderá ela mudar a sua atitude em relação a Jack? Será ele capás de suportar as privações, devido à frieza e (aparente) desinteresse da esposa?

O filme podia também ser um excelente drama moral. Os argumentos de ambas as partes - quer do hospital, quer dos pais de Adam -, levantam questões importantes sobre a Lei, a Ética e a Fé. Mas, mais uma vez, o filme recusa-se a comprometer-se. Deixa o assunto nas mãos da juíza e parece que o assunto começa e acaba aí. Nunca o espectador é chamado a tomar posição e o tema acaba tão depressa como começa. Não há questões sobre a autoridade do Direito, da Religião ou da parentalidade. Nada é problematizado, apesar da urgência do tema. 

Apesar de ser agradável de ver, bem filmado e com ritmo, bem interpretado, tecnicamente competente, "The Children Act" é uma obra inócua, no sentido em que tudo não passa dum embrulho bonito, mas sem nada dentro. Não é um filme de tribunal - onde a legalidade da ciência sobre a fé podia ser esgrimida -, não é um drama - onde a relação de Fiona com Jack podia ser explorada. Não é nada e, afinal, tem todos os ingredientes para ser tudo.

domingo, setembro 20, 2020

A IMPERFEIÇÃO DO MEDO

CRÉDITOS COMPLETOS






Martha Marcy May Marlene” é um daqueles filmes tensos, que faz a plateia remexer-se na cadeira sob o peso da angústia. Não que daí advenha algo, mas porque o espectador está permanentemente a antecipar coisas que, podem ou não, vir a acontecer.  Não é o filme perfeito – muitos vão sentir-se desiludidos com o final -, mas é na sua imperfeição que reside a sua grandeza. Tanto o realizador e argumentista Sean  Durkin como a actriz Elizabeth Olsen dão-nos uma primeira obra de dimensão promissora.

Martha (Elizabeth Olsen) foge de uma seita onde viveu durante dois anos e que gira à volta do carismático Ptrick (John Hawkes). Sem sitio para onde ir, pede ajuda à sua irmã, em casa de quem vai viver. Desorientada no tempo e nas emoções,  o realizador empurra - tando metafórica como literalmente - o espectador para um rodopio entre o passado e o presente, fazendo que a desconexão da personagem se alastre pela plateia.

Com uma direcção segura, Sean Durkin leva Elizabeth Olsen a uma interpretação que não iremos esquecer tão facilmente.  A actriz desempenha de forma brilhante o papel duma Martha inadaptada, confusa e amedrontada, arrastando o espectador pelo buraco sem fim da angústia. A plateia é solidária, sentindo o peso insustentável do ar da sala a comprimir-lhe os nervos até ao limite do suportável. Esta Martha vai ficar na memória de muita gente.

“Martha” é nome de baptismo, “Marcy May” é o nome que lhe dão na seita e “Marlene” é o nome com que todas as jovens do  culto atendem o telefone. Se com tal título, o filme não haveria de ser simples, o argumento não exagera nas confusões, a história é perfeitamente legível na sua linha do tempo. O desenrolar da acção é claro e, ao contrário de Martha, o espectador sabe sempre de onde veio e onde está. O “para onde vai” já é mais complicado!...

Embora seja um filme de 2011, eu só o vi em 2020, o que faz dele um “filme do ano” para mim. Há uns meses disse aqui que tinha a impressão de “O Homem Invisível”,  de Leigh Whannell ,  poder vir a ser um dos melhores thrillers de suspense do ano, ainda longe de saber no que se tornaria devido ao vírus e a todas as limitações impostas. Depois de “Martha Marcy May Marlene”, já não sei não, a concorrência começa a ser séria!

domingo, setembro 06, 2020

ARAGEM FRESCA

A Mais Bonita: ELENCO COMPLETO

 

Este é um filme nitidamente feminino, não especialmente por ser escrito e realizado por uma mulher, mas principalmente porque um dedo masculino teria tendência para fazer mais comédia que drama. “The Pretty One” é certamente um romance, mas muito longe de ser um filme divertido ou exuberante. Apesar do inevitável final feliz, é uma obra dramática e sensível. 



E depois temos aquela Zoe Kazan a que nos temos vindo a habituar, a namorada imaginária de “Ruby Sparks – Uma Mulher de Sonho” ou a alma telepática de “In Your Eyes”. Por qualquer razão que não se entende à primeira vista, continua longe de um argumento ou de uma realização que a faça despertar para um estrelato que já merece há muito.

 

 

Laurel e Audrey (ambas Zoe Kazan) são irmãs gémeas. Uma incógnita e despercebida e outra fascinante e fantástica. Quando a segunda morre num acidente de viação e o hospital troca as identidades de ambas, a primeira vê uma excelente oportunidade de assumir a vida que sempre desejou, abandonando a casa de campo onde mora com o pai (John Carroll Lynch) e embrenhando-se na grande cidade, usufruindo do sucesso .

 Aquilo que podia escorregar para uma comédia brejeira, transforma-se, pela câmara da realizadora Jenée LaMarque e pela sensibilidade de Zoe Kazan, num drama pessoal de descoberta. Ao viver outra vida, Laurel descobre que afinal só quer a sua própria. Ao assumir o papel da segunda, a primeira encontra-se e percebe o que afinal não é seu nem é assim tão desejado.

                             

Zoe Kazan tem tido alguma dificuldade em encontrar papeis que valorizem o seu charme de “rapariga lá da rua”, aquele ar de ser uma pessoa que vai ao nosso lado no autocarro, sem que lhe prestemos a mais pequena atenção.  Neste “The Pretty One” não precisa de se esforçar em desdobramentos, porque a sua gémea morre em 15 minutos, pelo que a actriz regressa ao seu registo sóbrio, calmo e despercebido muito rapidamente. Mas não se enganem, é precisamente essa interpretação que não deixa o filme descambar num subproduto de comédia barata.

Se contarmos cuidadosamente, Zoe Kazan interpreta quatro papeis diferentes neste filme: a campestre Laurel, que nunca abandonou a casa rural do pai; faz, ao mesmo tempo, a fascinante e sofisticada irmã gémea Audrey; com a reviravolta do destino, faz da primeira a fazer da segunda e, finalmente, faz a verdadeira e reencontrada Laurel. Não sendo nada que o espectador vá recordar como um papel da Óscar, é certamente algo de notável, principalmente porque as alterações de um para o outro são subtis e (quase) imperceptíveis.

“The Pretty One” é um filme que merece alguma atenção, visto com olhos atentos. Uma obra sensível, filmada com precisão e com um excelente grupo de actores empenhados. Uma corrente de ar fresco num domingo quente de Verão. E, sejamos claros, qualquer filme que acabe com a fantástica Simone White a cantar “Bunny In A Bunny Suit”, só pode ser bom, não é?

quarta-feira, agosto 19, 2020

IR AO CHINÊS E COMER HAMBURGUER

Terra à Deriva: ELENCO COMPLETO


"The Wandering Earth" tem um problema: é um filme escrito e realizado por chineses, produzido por chineses, interpretado - e nada mal, diga-se - por chineses, mas no fim não tem qualquer identidade chinesa. É apenas mais um filme-catástrofe, exactamente igual a todas as produções americanas de Hollywood.

Num futuro mais ou menos próximo, o Sol desaparece, tornando a Terra gelada. As nações do mundo juntam-se e transformam a Terra numa espécie de nave à deriva pelo espaço, guiada por uma estação orbital internacional, à procura de um novo sistema solar, que permita manter o planeta habitável. Só que, a determinado momento da viagem, uma catástrofe aproxima-se, exigindo que um grupo de heróis se voluntarie para a salvação de todos.

"The Wandering Earth" tem tudo o que se espera nestas situações, já vistas noutros terremotos, noutras inundações, noutros desastres: pontes a cair, carros em alta velocidade a fugir de enormes rochas voadoras, pessoas esmagadas. Tudo a que temos direito quando pedimos um Big Mac no McDonald ou um Wooper no Burger King.

É preciso acrescentar que este filme não fica a dever nada às produções hollywoodescas, tem efeitos especiais, tem ritmo, segue a uma velocidade estonteante, não deixa o espectador distrair-se ou aborrecer-se. É uma produção cuidada, de quem parece saber bem do oficio. Nada a dizer quanto a isso. O facto de ser chinês, é totalmente secundário.