Os cinéfilos não podem deixar de gostar dum bom arrepio. O género de "terror" (não confundir com "gore", embora se cruzem em determinados momentos) é dos maiores sucessos de bilheteira, porque as pessoas adoram um bom arrepio, pagam para se assustar.
A ordem dos filmes que se seguem, é meramente cronológica e não representa qualquer critério de avaliação.
A partir de um conto de Daphne Du Maurier - que já tinha adaptado em "Rebecca" -, que, no original, não deve ter mais de meia dúzia de páginas, Alfred Hitchcock cria um festival de violência, fisica e psicológica, que se tornou um icon do cinema.
O filme começa numa loja de animais, onde Melanie Daniels (Tippi Hedren) compra um casal de piriquitos (que, em inglês, se diz "lovebirds"). Desde estes "pássaros do amor" (ou "pássaros de amor") até ao final enigmático e tenso, "o mestre" - talvez o maior realizador de todos os tempos -, brinca tanto com os personagens como com os espetadores.
Há filmes perfeitos? Se a resposta é afirmativa, então foi o que Roman Polanski conseguiu com Rosemary's Baby.
Tudo neste filme é de tal modo proporcional, que nada está a mais e nada poderia ser retirado. Cada voz, cada silêncio, cada ruído de fundo, tudo se combina de forma exemplar para o resultado final.
George A. Romero sabe muito bem o que se pode fazer com pouco dinheiro. E o que se pode fazer, é criar o maior monumento aos filme de zombies, que atualmente parecem estar tanto na moda. Há algures uma história: um satélite caído, radiações e uma doença. Nada de novo. Depois é uma sinfonia de carne podre e suspense, tudo levado ás ultimas consequência, sem a mínima contemplação pelo espetador.
Quando William Friedkin criou The Exorcist, nunca pensou ser engolido pela fama que Linda Blair iria ganhar, na interpretação da adolescente Regan, o que não deixa de ser uma enorme injustiça, já que a pequena jovem nunca teria brilhado sem o talento do realizador.
A propaganda dizia que era "o filme mais assustador de sempre", o que, à primeira vista, pode parecer um exagero publicitário. Mas a verdade é que, quem viu este filme, nunca mais o esqueceu.
Quando Steven Spielberg filmou "Jaws", ainda não era o "monstro sagrado" da atualidade, mas não há dúvida que já se anunciavam muitos "encontros imediatos" e muitos "E.T.'s". Considerando que "Firelight" é um filme perdido, esta é a segunda longa metragem da carreira do realizador e a cena de abertura permanece, ainda hoje, como das mais icónicas do cinema.
Misturando um certo sentido de comédia com um suspense exemplar, "O Tubarão" de Spielberg é o mais próximo daquilo que podemos chamar "terror para a família".
Duas ou três notas de música e está feito o filme com que John Carpenter assustou toda uma geração e com que a geração seguinte se apaixonou pela moda americana de festejar o dia dos mortos - uma celebração muito cristã e respeitável, transformada num monte de abóboras brilhantes.
"Halloween" (em Portugal, estupidamente chamado "O Regresso do mal"), é um filme de baixo orçamento, filmado como só os mestres do pouco dinheiro sabem fazer. E a verdade é que, sempre que Carpenter teve orçamentos de rico, nunca passou muito da mediocridade.
"Halloween" não tem nada de medíocre. É uma lição de terror puro e duro.
O monstro de Alien tornou-se uma das mais rentáveis imagens de terror de Hollywood, mas nada disso seria possível sem a mestria de Rideley Scott - sim, esse mesmo, de "Blade Runner" e "Thelma e Louise". Em "Alien" o realizador consegue tudo aquilo de que se faz um filme de terror e suspense perfeito. Gore, intenso, assustador, claustrofóbico, tudo embrulhado num ambiente gótico como nunca ninguém tinha conseguido antes e nunca mais ninguém conseguiu depois.
Desde o inicio, a atmosfera indica-nos que "algo está errado" e depois, é tudo menos "humano" e "civilizado". Tudo isso faz de "Alien" um filme de terror absolutamente genial. E esse terror não está só na criatura extraterrestre, mas em toda a atmosfera que envolve o filme. Pode não ter a ação de outros congéneres, mas leva o conceito de sufoco a um novo nível.
Ainda estamos para perceber se "Shining" é mais Stanley Kubrick ou mais Jack Nicholson. Em qualquer dos casos, nada seria possível sem os dois.
Baseado numa história de Stephen King - o tal que inventa terror até de contas do supermercado -, "Shining" é um grande filme muito mais pela realização de Kubrick e pela interpretação de Nicholson, que pela velha história das casa assombradas. Sangue a sair de elevadores e machados a voar, são pormenores secundários.
Esta não é a história de um cientista louco que se transforma numa mosca. O que David Cronenberg nos mostra não é mais que um acidente de trabalho num laboratório de investigação e Seth Brundle (Jeff Goldblum) nunca perde a sua mente analítica, mesmo quando é ele o objeto de estudo.
Salvo em um ou dois momentos específicos, nada neste filme é feito para assustar. O espetador é levado para o drama - porque tudo é mais "dramático" que "horrível" -, com a mesma sensatez com que Brundle é arrastado para a sua situação.
Não me entendam mal: vão ter medo; muito medo!
Francis Ford Coppola deixou-se de histórias e colocou o Conde Vlad no sitio certo. Dracula não é um principe de dentinhos afiados, mas um guerreiro implacável em busca do amor eterno. Erótico até mais não, "Dracula de Bram Stocker" vai à fonte - que é como quem diz, ao original de Bram Stocker - e transforma-se num filme memorável.
Para isso, ajuda um elenco fantástico, onde brilham Gary Oldman, Winona Ryder, Anthony Hopkins ou Keanu Reeves. Mas a lista do casting, só serve para dar ainda mais consistência a todos os momentos sangrentos e horríveis que se aproximam. Talvez "o amor nunca morra", como diz a publicidade, mas o que não morre mesmo é o nosso fascinio por este filme.
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