É preciso (muito) cuidado, quando se pega num filme com - ou "sobre" - tubarões. O mercado está repleto de lixo e desde "Jaws" - ou, se calhar, ainda antes - o melhor que se consegue são alguns documentários e, mesmo esses, muitas vezes mais preocupados com o espetáculo, que com a ecologia.
É por isso que "In The Deep" nos surpreende. Lembram-se o que escrevi aqui sobre "The Martian"? Este "In The Deep" é o oposto, criando potencialidades onde a história não tem. Simples, direto, sem pretenções, o filme corre ligeiro, com suspense e intensidade.
Os tubarões aqui são secundários, e a aventura não sofreria qualquer alteração se fossem peixinhos de aquário. O drama centra-se na sobrevivência, na resistência e no engenho para sair de situações difíceis - um pouco como o tal marciano, que se perde em infantilidades.
Não se iludam: "In The Deep" não é uma obra prima e a primeira qualidade que tem é, precisamente, não querer ser. A simplicidade é o grande trunfo do filme. Concentra-se na história - que pode ser escrita em duas ou três linhas - e guarda para o fim a surpresa que vai espantar o espetador. Não desilude em nenhum momento, porque, na verdade, não cria ilusões.
Esta película fez-me lembrar "Em Águas Profundas", onde o coitado do tubarão é ali metido sem ser chamado à confusão, o que, como disse no inicio, até pode ser prejudicial, afastando espetadores que poderiam interessar-se pelo filme, que, afinal, merece.
Não se acanhem pela capa. Este filme vale a pena, é um bom entretenimento de aventura, bem filmado e com uma agradável surpresa final. É uma hora e meia bem passada, para quem gosta de suspense. Ninguém sairá arrependido do cinema.
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