Um Dia: CRÉDITOS COMPLETOS |
Há uma coisa de que não posso acusar Lone Scherfig: é de me enganar. Através daquela associação aleatória do IMdB, fui levado de "Heróis da Nação" para "Uma Outra Educação" e para este "One Day" e em todos os filmes Scherfig parece cometer os mesmos erros, enquanto, ao mesmo tempo, reafirma a mesma competência e a mesma sensibilidade maravilhosa. Tem à sua disposição histórias fantásticas, atores fantásticos, técnicos fantásticos, mas depois acaba sempre por ficar num meio-termo que parece aquém das possibilidades. Este "One Day" não foge à regra!
Embora o motivo central da tal realação do IMdB fosse a realizadora, o que realmente me fez pegar nos DVD's foram razões diferentes. Neste filme em particular, foi Anne Hathaway, de quem eu gosto genericamente, principalmente desde que me apaixonei pela Brand de "Interstellar". Gosto do à vontade, das expressões, do humor; gosto, pronto!
Eu não conheço o livro de David Nichols a partir de onde o próprio autor escreveu o argumento deste filme, mas a história deste romance é simples por natureza: Emma (Anne Hathaway) e Dexter (Jim Sturgess) são amigos da faculdade e têm a tradição de se encontrar no mesmo dia, 15 de Julho, embora esse encontro possa não ser presencial. O resto parece previsível, ao fim de hora e meia de filme...
Porque é que nos fascina um filme que, desde os primeiros 15 minutos, já sabemos como vai acabar? Como nos pode interessar a sequência de peripécias que irão culminar nos inevitáveis beijinhos e abraços, de prelúdio do habitual felizes para sempre? São estas as perguntas que os espetadores irão fazer, mas ficarão ligados ao ecrã mesmo assim, porque "One Day" tem ritmo, tem humor e drama, é divertido e triste. E isso é tudo para um romance.
O filme tem armadilhas pelo caminho, de forma a não deixar ninguém verdadeiramente sossegado. Pela estrada fora, aparentemente calma e previsível, os espetadores terão sobressaltos com pedras durante o passeio. Isso não altera o todo romântico, mas altera o estado de espírito descontraído e até paternalista da plateia. Ás vezes, nem tudo o que parece é ou, dito doutra maneira, o que é pode sê-lo de diversas formas, dependendo da perspectiva como se olha.
Quem seguiu o meu percurso atrás de Lone Scherfig, ficará a pensar que eu posso ter alguma coisa contra a senhora. Falei de três filmes e, em todos eles, nunca fiquei completamente rendido. Escorreguei algures, sem nunca ter realmente caído. Vamos esclarecer: eu gosto deste filme. Gostei também de "Heróis da Nação" e de "Uma Outra Educação". Só que fiquei também sempre um pouco desiludido. Tanto potencial e, afinal, o produto final fica sempre longe da meta que seria possível alcançar!
Os cinéfilos que gostam de cinema temático, tem aqui uma oportunidade de ver três belos filmes, tendo como ligação central a realizadora Lone Scherfig. Todos eles representam o que de melhor tem a filmografia inglesa: atores de excelência, cenografia irrepreensível, cuidadosa escolha de argumentos, direção competente. Quanto ao resto, cada um tirará a sua conclusão. Eu aceito, com gosto, todas as teses diferentes da minha.
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