Mais uma vez, Clint Eastwood faz um filme sobre um herói improvável. Tal como "Invictus", ou "A Bandeira Dos Nossos Pais", ou "American Sniper", "Sully" é sobre uma proeza colocada aos olhos da opinião pública, mas desconstruída no privado das salas do poder.
Genericamente falando, eu gosto dos filmes realizados por Clint Eastwood. É um realizador metódico, que sabe criar interesse onde parece não haver nenhum. A lista é grande: "As Pontes de Madison County", "Mystic River", "Meia-Noite No Jardim Do Bem E Do Mal"... E se é verdade que "Sully" parece ficar aquém de muitos destes, a verdade é que é um filme interessante, de onde ressalta, logo à partida, um enorme trabalho de investigação. O velho Dirty Harry sabe muito bem o que faz, quando se mete atrás das câmaras.
O filme começa no fim: o comandante Chesley "Sully" Sullenberger (Tom Hanks) está perante uma comissão de inquérito, que tenta perceber como é que um avião de muitos milhões de dólares, está no fundo do rio Hudson. Foi notícia de primeira página em janeiro de 2015, não só porque não houve quaisquer vitimas, mas porque não é nada costume um Airbus A320 sobrevoar Nova Iorque e aterrar no rio que atravessa a cidade.
"Sully" vai contando duas histórias pelo caminho: a viagem e o acidente, e o inquérito, ambas coladas entre flash-backs bem conseguidos, colocados no momento certo e ao ritmo que deve ser. O espetador é levado pelo drama da investigação, pelo drama do herói - que, vendo bem, não o é -, e pelo drama da viagem propriamente dita.
O filme tem a dose certa de ação e de drama. Um filme sem fogo de artifício, mas com uma interessante direção de todos os elementos cinematográficos: atores, ritmo, montagem... É um daqueles pedaços de cinema que valem a pena, mesmo que depois haja pouco para contar. O filme não é um show-off de artificios, é apenas uma história de heróis. Reais. E, como se sabe, a realidade é muito pouco interessante.
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