Este é mais um filme que caiu da televisão, tal como já tinha acontecido com "El Secreto de Sus Ojos". Com a vantagem de ser visto num canal respeitador do cinema e, portado, ter corrido sem interrupções de intervalos ou publicidade. Cerca de três horas de puro entretenimento.
"Blue Is The Warmest Color" (traduzido por "A Vida de Adèle") é um drama romântico. Uma história de amor sobre uma rapariga normal de 17 anos, filha duma família normal da classe média francesa, estudante normal, filha normal dum agregado familiar sem desfuncionalidades evidentes, com todos os dramas normais de uma adolescente normal, com os seus namoros normais e normais aventuras sexuais.
Aparentemente, tudo normal. Mas Adéle tem um problema: uma insatisfação permanente que não compreende. É uma miúda naturalmente triste. É o que lhe diz alguém com quem se cruza num bar homossexual: "O amor não tem sexo; procura alguém que te ame e te faça feliz". Na verdade, Adéle não procura, no verdadeiro sentido do termo, mas essa pessoa vem ter com ela.
E Adéle passa a ser feliz assim: só a partilhar a vida com a sua alma gémea. É feliz em ser naturalmente triste, desde que esteja na companhia do seu amor. Quer um trabalho simples, não procura a fama nem expressar a sua criatividade literária. É feliz assim, naturalmente triste. Ponto.
Ninguém vai reparar, mas o filme tem três horas de duração. E ninguém vai notar, porque Abdellatif Kechiche é duma perfeição exemplar na realização e na orientação dum grupo de excelentes atores, que sabem muito bem o que querem e onde desejam chegar. Este é um daqueles filmes perfeitos: uma boa direção de bons atores, que representam bem uma boa história. E o espetador é feliz assim, juntamente com a tristeza natural de Adèle.
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