À primeira vista, mas só à primeira vista, "When Pigs Have Wings" ("Um Porco Em Gaza") é uma comédia e, nesse particular, é excelente. Faz rir, diverte, tem uma história repleta de non-sense e situações caricatas, que provocam gargalhadas no espetador.
Um pescador palestiniano pesca um porco em vez de peixe, mas como tem de viver, precisa de vender o porco para ter dinheiro. Este é o ponto de partida. Só que na Palestina é proibido ter porcos por motivos religiosos e em Israel é proibido ter porcos por motivos de segurança, já que os animais são usados como bombas.
A história parece demasiado simples para sustentar hora e meia de filme? Não é. E sem tentar ser moralista, o realizador Sylvain Estibal parece saltar sempre entre os dois lados da barreira - afinal, uma guerra nunca tem só um ponto de vista -, tentando ridicularizar quer israelitas quer palestinianos. Nesse sentido o filme ganha uma dimensão dramática, em que o riso é muito mais irónico que divertido.
Vista de fora, a guerra entre israelitas e palestinianos não só não tem fim à vista, como dificilmente terá um vencedor. Como diz a canção dos U2 - também sobre um outro conflito tão ridiculo como o retratado no filme, também tão religioso como politico -, "já há demasiados mortos, mas quem ganhou?". "When Pigs Have Wings" é um filme sério, que não se toma a si próprio demasiado a sério.
O realizador demonstra ser competente e os atores fazem o seu papel com eficiência, neste filme que faz rir por ter um tema de vital importância, quer para Israel, quer para a Palestina, onde residem as verdadeiras vitimas do conflito. Provoca um efeito estranho no espetador, que todos os dias assiste na televisão, no sossego da sua casa, às atualizações dramáticas de mortos e feridos nesta guerra. "When Pigs Have Wings" não vai deixar ninguém indiferente, seja qual for o seu ponto de vista.
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