Anna Fritz (Alba Ribas) não é real, é uma capa de revista, uma criação dos media. O que os três amigos procuram em "El Cadáver de Anna Fritz" é essa mulher imaginária, que é criada no gigantesco ecrã. Tudo o resto é uma ilusão, uma sensação de posse que não passa de um sonho numa morgue.
Hèctor Hernández Vicens estreia-se como realizador de longas-metragens neste filme claustrofóbico, passado quase inteiramente na morgue dum hospital. Mas se o filme começa quase como uma comédia, uma situação improvável num país civilizado, rapidamente encontra o seu caminho. Ao fim de meia hora, já percebemos que a coisa não vai ser tão simples como parecia ao principio.
Há uma longa história cinematográfica de cadáveres sexy: "Lune Froid", "After Life", "J'aimerais Pas Crever Un Dimanche", uns mais politicamente corretos que outros. Hèctor Hernández Vicens começa por parecer não fazer muitas concessões, mas nada é o que parece e o filme rapidamente encontra o percurso que lhe convém.
O filme é violento, em muitos sentido do termo. Tem terror moral, tem gore, tem crime. Tudo na dose certa para o tornar interessante, no sentido em que a agressão, física e psicológica, é o sal e a pimenta que tornam os pratos mais saborosos. Os personagens não precisam de grandes desenvolvimentos, estão ali para o que estão e nada mais - e nada menos.
Afinal "El Cadáver de Anna Fritz" é um belo thriller independente - mesmo para a cinematografia espanhola -, capaz de criar estupefação, horror e suspense no espetador. É um filme perturbador e, ao mesmo tempo, fascinante.
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