Não conheço a história original de M. L. Stedman, mas este "The Light Between Oceans" é um filme inteligente, bem realizado e bem interpretado, com diálogos interessantes e uma história sobre pessoas honestas, que fazem más escolhas com a melhor das intenções.
Não é um filme com ação, no sentido próprio do termo, mas é um filme que avança com pezinhos de lã ao longo dum drama que levanta interessantes problemas éticos, sem fazer julgamentos mas não deixando de marcar uma posição clara sobre a trama. Pode ser acusado de moralismo, mas Derek Cianfrance (argumentista e realizador) tomou a mais difícil das opção: não ficar indiferente ao problema, em vez de apenas contar uma história de forma esterilizada e amorfa.
O filme podia ser mais curto, talvez, optando por satisfazer os espetadores mais impacientes. Mas é claro que "The Light Between Oceans" está a piscar o olho aos Oscars, coisa para a qual não vamos aqui fazer futurismo. Algumas cenas parecem prolongar-se mais que o necessário e outras poderiam mesmo não estar lá. Só que isso não retira muito à grande qualidade do todo.
Este é um daqueles filmes para ser saboreado lentamente, desfrutando dum drama que nos surpreende a pouco e pouco, sem pressas, como um bom chocolate que se vai derretendo na boca. Sabe gerir os imprevistos de forma surpreendente, antecipando o espetador ao que ele imaginaria. Antes da plateia poder prever, já lhe é dado.
Servido por bons atores, principalmente Alicia Vikander (Isabel Graysmark), muito bem acompanhada por Michael Fassbender (Tom Sherbourne) ou Rachel Weisz (Hannah Roennfeldt), dirigidos com discrição mas com sabedoria, "The Light Between Oceans" é um filme que vale a pena.
É verdade que lhe falta um bocadinho, algures, para ser um filme arrasador. Mas não deixa de ser um excelente exemplar de cinema, uma boa tarde passada com os amigos na sala escura. Vai partir corações e deixar muita gente a discutir. É sempre um bom sinal, quando isso acontece, não é?
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