quarta-feira, abril 15, 2020

APENAS MAIS UM, MAS ISSO BASTA

Um Dia de Chuva em Nova Iorque: CRÉDITOS COMPLETOS


Podia passar páginas a explicar a minha admiração pelos filmes de Woody Allen, mesmo quando ele nos apresenta uma obra menor – e apresenta muitas vezes. Aos 85 anos, continua a escrever e realizar uma média de um filme por ano, pelo que não se poderia esperar uma produção de obras-primas como contas de supermercado. Este “A Rainy Day In New York é isso mesmo: mais um Woody Allen, o que, só por si, para mim, quer dizer muito.


Woody Allen sabe como ninguém escolher actores que consigam desempenhar os seus papeis psicóticos e deprimentes. “A Rainy Day In New York” tem um conjunto de interpretes, que representam o melhor de cada geração, mesmo considerando a intromissão de Selena Gomez que, diga-se desde já, não se sai nada mal.


O resto, é o costume: diálogos intelectualizados, debitados à velocidade da luz, que obrigam o espectador a possuir uma certa bagagem cultural para não se perder no meio das referências a realizadores, pintores, filósofos, escritores e doenças, claro – o grande amor do realizador, principalmente as do foro psiquiátrico e psicanalítico.


Gatsby (Timothée Chalamet), estudante de não se sabe bem o quê, mas grande jogador de poker, e Ashleigh (Elle Fanning), estudante de jornalismo, são um casal de jovens que aproveita o facto de ela precisar de ir a Nova York entrevistar um estranho realizador para o jornal da universidade, para passar um fim-de-semana romântico, entre jantares em restaurantes caros e visitas a museus. Este fim-de-semana vai envolve-los em aventuras imprevistas e transportá-los a novas experiências, que os farão descobrir-se de novo e perceber o seu relacionamento,


O que mais salta à vista na forma como cada um desempenha o seu papel , é a transparência com que ambos interiorizam os personagens que se incumbiram de interpretar. Tanto Timothée Chalamet como Elle Fanning  são absolutamente honestos nos seus papeis, sempre à vontade e convincentes. Depois, à volta de Gatsby e Ashleigh flutuam um conjunto de personagens, todos eles interessantes e nunca supérfluos.


É verdade que “A Rainy Day In New York” não passa de mais um Woody Allen, um entre mais de 50, diria eu. Mas, para mim, isso é muito e basta. Quem for á procura duma obra-prima, coisa que pode sair da cabeça do realizador a qualquer momento, não vai ficar muito entusiasmado; mas quem for à procura dum romance inteligente, bem construído e divertido, então está no sitio certo.

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