Um Dia de Chuva em Nova Iorque: CRÉDITOS COMPLETOS |
Podia passar páginas a explicar a minha admiração pelos
filmes de Woody Allen, mesmo quando ele nos apresenta uma obra menor – e apresenta
muitas vezes. Aos 85 anos, continua a escrever e realizar uma média de um filme
por ano, pelo que não se poderia esperar uma produção de obras-primas como
contas de supermercado. Este “A Rainy Day In New York” é isso mesmo: mais um Woody Allen, o que, só
por si, para mim, quer dizer muito.
Woody Allen sabe como ninguém escolher actores que consigam
desempenhar os seus papeis psicóticos e deprimentes. “A Rainy Day In New York” tem um conjunto de
interpretes, que representam o melhor de cada geração, mesmo considerando a
intromissão de Selena Gomez que, diga-se desde já, não se sai nada mal.
O resto, é o costume: diálogos intelectualizados, debitados
à velocidade da luz, que obrigam o espectador a possuir uma certa bagagem
cultural para não se perder no meio das referências a realizadores, pintores, filósofos,
escritores e doenças, claro – o grande amor do realizador, principalmente as
do foro psiquiátrico e psicanalítico.
Gatsby (Timothée Chalamet), estudante de não se sabe bem o
quê, mas grande jogador de poker, e Ashleigh (Elle Fanning), estudante de
jornalismo, são um casal de jovens que aproveita
o facto de ela precisar de ir a Nova York entrevistar um estranho realizador
para o jornal da universidade, para passar um fim-de-semana romântico, entre
jantares em restaurantes caros e visitas a museus. Este fim-de-semana vai envolve-los
em aventuras imprevistas e transportá-los a novas experiências, que os farão
descobrir-se de novo e perceber o seu relacionamento,
O que mais salta à vista na forma como cada um desempenha o
seu papel , é a transparência com que ambos interiorizam os personagens que se
incumbiram de interpretar. Tanto Timothée Chalamet como Elle Fanning são absolutamente honestos nos seus papeis,
sempre à vontade e convincentes. Depois, à volta de Gatsby e Ashleigh flutuam
um conjunto de personagens, todos eles interessantes e nunca supérfluos.
É verdade que “A Rainy Day In New York” não passa de mais um
Woody Allen, um entre mais de 50, diria eu. Mas, para mim, isso é muito e
basta. Quem for á procura duma obra-prima, coisa que pode sair da cabeça do
realizador a qualquer momento, não vai ficar muito entusiasmado; mas quem for à procura dum romance inteligente, bem construído
e divertido, então está no sitio certo.
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