quarta-feira, dezembro 21, 2016

TODO O AMOR DO MUNDO



"Mr. Church" é um filme sobre o amor, nas suas perspetivas mais variadas, mas, acima de tudo, é um filme feito com amor. Tudo, dentro desta obre, emana um profundo sentimento de paixão, e isso inclui a escrita sensivel de Susan McMartin, a realização cuidada de Bruce Beresford (sim, o mesmo de "Driving Miss Daisy" ou "Paradise Road"),  e a representação dos atores. Os mais sensiveis irão chorar - várias vezes!... -, mas não faz mal; são lágrimas de alegria e de prazer.



Eu nunca fui um grande admirador de  Eddie Murphy (Mr. Church), salvo algumas (muito) raras exceções. Por isso, este filme é quase um murro no estômago. É verdade que não está sozinho e isso faz toda a diferença, ainda por cima na companhia de Britt Robertson, Natascha MeCelhone ou as pequenas MecKnna Grace e Natalie Coughlin, que saltou das infantilidades da TV, para partir corações em "Mr. Church".


 "Mr. Church" é um filme para nos apaixonarmos, pelos personagens, pelas relações que estabelecem entre si, pelo sentimento de amizade que todos colocam no que fazem e na forma como interagem uns com os outros. Nada é por acaso na história e cada um sabe muito bem onde quer chegar. Este é aquele cinema que parte corações, deixa o estômago ao pé da boca e faz derreter o mais frígido. Estamos perante uma obre sobre emoções, que, acima de tudo, provoca emoções. Coisa rara hoje em dia!


 No mesmo sentido que é um filme sobre a vida, "Mr. Church" é um filme sobre a morte, sobre a importância do amor e da amizade, na salvação que daí retiramos ao partilha-los com os outros. Todos estes personagens têm uma relação profunda com quem os rodeia e consigo próprios, num circulo que acaba por incluir o espetador.


É raro acontecer, no cinema atual, que um filme partilhe tanta emoção, sem nenhum outro sentido que não seja esse mesmo: dividir sentimentos com a plateia. Não sei o que vai acontecer com "Mr. Church" nos prémios de cinema de 2016, a carreira do filme foi muito discreta, pouco publicitada, e o box-office não deve ter acumulado muitos zeros. Mas há uma coisa que eu sei: quem gosta de dramas, vai ficar com um enorme peso na consciência, se, por acaso, acabar por não o ver.

terça-feira, dezembro 20, 2016

CADÁVERES FAVORITOS


Anna Fritz (Alba Ribas) não é real, é uma capa de revista, uma criação dos media. O que os três amigos procuram em "El Cadáver de Anna Fritz" é essa mulher imaginária, que é criada no gigantesco ecrã. Tudo o resto é uma ilusão, uma sensação de posse que não passa de um sonho numa morgue.


 Hèctor Hernández Vicens estreia-se como realizador de longas-metragens neste filme claustrofóbico, passado quase inteiramente na morgue dum hospital. Mas se o filme começa quase como uma comédia, uma situação improvável num país civilizado, rapidamente encontra o seu caminho. Ao fim de meia hora, já percebemos que a coisa não vai ser tão simples como parecia ao principio.


 Há uma longa história cinematográfica de cadáveres sexy: "Lune Froid", "After Life", "J'aimerais Pas Crever Un Dimanche", uns mais politicamente corretos que outros. Hèctor Hernández Vicens começa por parecer não fazer muitas concessões, mas nada é o que parece e o filme rapidamente encontra o percurso que lhe convém.


O filme é violento, em muitos sentido do termo. Tem terror moral, tem gore, tem crime. Tudo na dose certa para o tornar interessante, no sentido em que a agressão, física e psicológica,  é o sal e a pimenta que tornam os pratos mais saborosos. Os personagens não precisam de grandes desenvolvimentos, estão ali para o que estão e nada mais - e nada menos.


 Afinal "El Cadáver de Anna Fritz" é um belo thriller independente - mesmo para a cinematografia espanhola -, capaz de criar estupefação, horror e suspense no espetador. É um filme perturbador e, ao mesmo tempo, fascinante.

segunda-feira, dezembro 19, 2016

QUANDO TUDO PODE ACONTECER


Nós já conhecemos o escritor Dennis Lehane de outras adaptações cinematográficas: "Shutter Island" de Martin Scorsese, ou "Mystic River" de Clint Eastwood, por exemplo. E tal como estes, "The Drop" tem um ambiente negro, que Michaël R. Roskam faz questão de sublinhar, com personagens densas e enigmáticas.


O realizador leva o tempo que for preciso para acentuar as cenas, nunca se apressando, tornando o filme quase lento, mas é precisamente essa precisão em não deixar nada para trás, que acentua o clima obsessivo do filme. Existe uma estranha sensação de que qualquer coisa pode acontecer a qualquer momento, sem que o espetador saiba bem o que esperar.


"The Drop" é um belíssimo thriller, que vai fazer as delicias dos amantes do género, desde que saibam estar sentados à espera, sem nunca saber muito bem do quê. Aquela estranha sensação de que a qualquer instante algo vai surgir de trás da cortina, não necessariamente de forma explosiva, mas certamente de forma importante.


Em certos momentos o filme até parece previsível e são introduzidas histórias paralelas que não trazem nada de novo à acção. É uma critica que muitos lha farão, começando pela colagem de James Gandolfini (Marv) ao mafioso acabado, mais preocupado em livrar-se do peso do passado, que em assegurar a sua sobrevivência presente.


Roskam deixa os atores desempenhar os seu papel, limitando-se a filmá-los de forma a eles poderem respirar. Ficam a ganhar Tom Hardy (Bob) ou Noomi Rapace (Nadia), mas principalmente ficamos nós a ganhar, porque compõe-se um excelente policial, sem muito espalhafato, mas com muito interesse.

terça-feira, dezembro 06, 2016

O ABISMO... E UM PASSO EM FRENTE


"White Girl" não é para estômagos sensíveis. É um filme dramático sobre a descida ao inferno e embora a realizadora e argumentista Elizabeth Wood pareça fazer a sua heroína dar piruetas suficientes para sair incólume das sucessivas quedas, a verdade é que Leah (Morgan Saylor) irá certamente ficar prisioneira da sua aventura.


Este é um filme sobre a rua, sobre Nova York, sobre um certo submundo alimentado a cocaína, erva e outras drogas duras como rocha, filmado de forma crua e dura, com uma história violenta e violentadora. Tal e qual como os bairros periféricos, dos quais Summer, onde se passa grande parte da ação, é apenas um pequeno exemplo.


Sim, também é um filme sobre a paixão, sobre fazer tudo por amor, mesmo que o amor seja o passo para a frente, quando se está à beira do abismo. É por amor que Leah desde ao inferno, embora seja também por amor que tenta regressar. É um filme sobre o desespero das drogas, apesar de ser também de esperança. Não me entendam mal: não é um filme moralista; é apenas um filme que conta uma história. O resto, cabe ao espetador decidir por si.


Certamente todos nós conhecemos alguém que quer desesperadamente estar "in", sendo que, depois, luta desesperadamente por ficar "out". Leah e Katie (India Menuez) não são em nada diferentes de quaisquer outras jovens que partilham um apartamento que podem pagar e se tentam relacionar com o grupo da esquina, que, afinal, são os seus vizinhos.


Elizabeth Wood sabe filmar a rua; sabe como se vive na rua; sabe onde ir à noite, onde comprar droga e como se vende; sabe a linguagem e os tiques. Isso faz com que o filme seja ainda mais dramático. Percebemos que Leah poderia ser quaisquer dos nossos amigos. Tentamos manter-nos a salvo, olhando para o ecrã apenas como um espetador de fora, mas é difícil. É um filme que mexe com as entranhas, principalmente porque é passado nas entranhas.

terça-feira, novembro 29, 2016

PORCOS EM GUERRA



 À primeira vista, mas só à primeira vista, "When Pigs Have Wings" ("Um Porco Em Gaza") é uma comédia e, nesse particular, é excelente. Faz rir, diverte, tem uma história repleta de non-sense e situações caricatas, que provocam gargalhadas no espetador.

 

Um pescador palestiniano pesca um porco em vez de peixe, mas como tem de viver, precisa de vender o porco para ter dinheiro. Este é o ponto de partida. Só que na Palestina é proibido ter porcos por motivos religiosos e em Israel é proibido ter porcos por motivos de segurança, já que os animais são usados como bombas.


A história parece demasiado simples para sustentar hora e meia de filme? Não é. E sem tentar ser moralista, o realizador Sylvain Estibal parece saltar sempre entre os dois lados da barreira - afinal, uma guerra nunca tem só um ponto de vista -, tentando ridicularizar quer israelitas quer palestinianos. Nesse sentido o filme ganha uma dimensão dramática, em que o riso é muito mais irónico que divertido.


Vista de fora, a guerra entre israelitas e palestinianos não só não tem fim à vista, como dificilmente terá um vencedor. Como diz a canção dos U2 - também sobre um outro conflito tão ridiculo como o retratado no filme, também tão religioso como politico -, "já há demasiados mortos, mas quem ganhou?". "When Pigs Have Wings" é um filme sério, que não se toma a si próprio demasiado a sério.


O realizador demonstra ser competente e os atores fazem o seu papel com eficiência, neste filme que faz rir por ter um tema de vital importância, quer para Israel, quer para a Palestina, onde residem as verdadeiras vitimas do conflito. Provoca um efeito estranho no espetador, que todos os dias assiste na televisão, no sossego da sua casa, às atualizações dramáticas de mortos e feridos nesta guerra. "When Pigs Have Wings" não vai deixar ninguém indiferente, seja qual for o seu ponto de vista.


quinta-feira, novembro 24, 2016

O AMOR NÃO TEM GÉNERO




Este é mais um filme que caiu da televisão, tal como já tinha acontecido com "El Secreto de Sus Ojos". Com a vantagem de ser visto num canal respeitador do cinema e, portado, ter corrido sem interrupções de intervalos ou publicidade. Cerca de três horas de puro entretenimento.


"Blue Is The Warmest Color" (traduzido por "A Vida de Adèle") é um drama romântico. Uma história de amor sobre uma rapariga normal de 17 anos, filha duma família normal da classe média francesa, estudante normal, filha normal dum agregado familiar sem desfuncionalidades evidentes, com todos os dramas normais de uma adolescente normal, com os seus namoros normais e normais aventuras sexuais.


Aparentemente, tudo normal. Mas Adéle tem um problema: uma insatisfação permanente que não compreende. É uma miúda naturalmente triste. É o que lhe diz alguém com quem se cruza num bar homossexual: "O amor não tem sexo; procura alguém que te ame e te faça feliz". Na verdade, Adéle não procura, no verdadeiro sentido do termo, mas essa pessoa vem ter com ela.


E Adéle passa a ser feliz assim: só a partilhar a vida com a sua alma gémea. É feliz em ser naturalmente triste, desde que esteja na companhia do seu amor. Quer um trabalho simples, não procura a fama nem expressar a sua criatividade literária. É feliz assim, naturalmente triste. Ponto.


Ninguém vai reparar, mas o filme tem três horas de duração. E ninguém vai notar, porque Abdellatif Kechiche é duma perfeição exemplar na realização e na orientação dum grupo de excelentes atores, que sabem muito bem o que querem e onde desejam chegar. Este é um daqueles filmes perfeitos: uma boa direção de bons atores, que representam bem uma boa história. E o espetador é feliz assim, juntamente com a tristeza natural de Adèle.

segunda-feira, novembro 21, 2016

OS HERÓIS DE DIRTY HARRY



Mais uma vez, Clint Eastwood faz um filme sobre um herói improvável. Tal como "Invictus", ou "A Bandeira Dos Nossos Pais", ou "American Sniper", "Sully" é sobre uma proeza colocada aos olhos da opinião pública, mas desconstruída no privado das salas do poder.


Genericamente falando, eu gosto dos filmes realizados por Clint Eastwood. É um realizador metódico, que sabe criar interesse onde parece não haver nenhum. A lista é grande: "As Pontes de Madison County", "Mystic River", "Meia-Noite No Jardim Do Bem E Do Mal"... E se é verdade que "Sully" parece ficar aquém de muitos destes, a verdade é que é um filme interessante, de onde ressalta, logo à partida, um enorme trabalho de investigação. O velho Dirty Harry sabe muito bem o que faz, quando se mete atrás das câmaras.

O filme começa no fim: o comandante Chesley "Sully" Sullenberger (Tom Hanks) está perante uma comissão de inquérito, que tenta perceber como é que um avião de muitos milhões de dólares, está no fundo do rio Hudson. Foi notícia de  primeira página em janeiro de 2015, não só porque não houve quaisquer vitimas, mas porque não é nada costume um Airbus A320 sobrevoar Nova Iorque e aterrar no rio que atravessa a cidade.


"Sully" vai contando duas histórias pelo caminho: a viagem e o acidente, e o inquérito, ambas coladas entre flash-backs bem conseguidos, colocados no momento certo e ao ritmo que deve ser. O espetador é levado pelo drama da investigação, pelo drama do herói - que, vendo bem, não o é -, e pelo drama da viagem propriamente dita.


O filme tem a dose certa de ação e de drama. Um filme sem fogo de artifício, mas com uma interessante direção de todos os elementos cinematográficos: atores, ritmo, montagem... É um daqueles pedaços de cinema que valem a pena, mesmo que depois haja pouco para contar. O filme não é um show-off de artificios, é apenas uma história de heróis. Reais. E, como se sabe, a realidade é muito pouco interessante.

segunda-feira, outubro 31, 2016

TEMPO DE VOLTAR PARA CASA


Sejamos claros: "Halloween" - o primeiro, o original - tem 38 anos. Sim, leram bem, não é engano: trinta e oito! Então, pergunto eu, o que faz dele um dos filmes de culto de maior sucesso do cinema, colocando-o numa pequena lista de obras, que mais do criarem uma legião de seguidores, criaram, acima de tudo, uma página brilhante no cinema de Hollywood?




John Carpenter nunca foi um realizador de grandes orçamentos e, para sermos verdadeiros, sempre que lidou com algum dinheiro, pouco passou da mediocridade. Pelo contrário, quando foi obrigado a fazer piruetas com os poucos dolares que tinha à disposição, criou filmes absolutamente geniais, e a lista não é pequena.


"Holloween" parece um filme que podíamos fazer em casa, usando o piano da avó para a banda sonora e as divisões da habitação para a ação, com algumas (poucas) saídas até ao quintal, para dar uma ideia de "exterior". O resto, quase poderia ser filmado com uma velhinha Super 8, usando os corredores, a cozinha e os quartos, de uma qualquer vivenda comum. Meia dúzia de amigos a fazer de atores (guardando as devidas distâncias para Jamie Lee Curties e Donald Pleasance) e pouco mais.



"Halloween" (que, por alguma estúpida razão, foi traduzido para português como "O Regresso do Mal") é o avô de todos os "slasher movies" - o "padrinho", esse, continuará sempre a ser "Psycho" de Hitchcock -, onde meninas inocentes, mais ou menos despidas ou em vias disso, são retalhadas à facada, para satisfação mórbida duma plateia meio aterrorizada, meio divertida, mas sempre totalmente rendida.


O problema, é que este profícuo subgénero hollywoodesco, está repleto de lixo, de tal forma que os filmes realmente interessantes se perdem no emaranhado de material acumulado no lixão do videoclube. A "Halloween" junta-se uma pequena - muito pequena, em minha opinião - lista de obras que incluem o primeiro "Sexta-feira 13", o primeiro "Pesadelo em Elm Street" e o primeiro "Massacre no Texas". Posso ser acusado de me esquecer de um ou outro, mas duvido...


O que John Carpenter conseguiu, foi pegar numa história direta (escrita a meias com Debra Hill), simples e eficaz, compor uma música de três ou quatro notas - nunca esquecendo que esta banda sonora claustrofóbica, é um elemento chave de todo o filme -, juntar meia dúzia de euros e criar uma obra prima do cinema de horror, atormentando, a partir daí, várias gerações de amantes do "gore". Tal como Hitchcock tinha ensinado, o que aterroriza mais, não é o que acontece, mas aquilo que a audiência imagina que pode acontecer.

sexta-feira, outubro 28, 2016

ESPERAR TUDO


O que se pode esperar, quando se pega num filme com 30 anos, filmado num esplendoroso preto-e-branco? Esta é a pergunta central do espetador que pega (mais ou menos distraído) em "Down By Law" ("Vencidos Pela Lei").


E a resposta, quando o filme vem de Jim Jarmusch, é: TUDO! Ainda por cima, quando tem lá dentro Tom Waits, John Lurie e Roberto Benigni, todos juntos e sem desconto, então pode-se esperar ainda mais que tudo. E, apesar do que diz a descrição, não é uma comédia - mesmo que faça rir -, nem é um policial - apesar de ter policias e ladrões (guardando as devidas distâncias aos verdadeiros "ladrões").


Dois inocentes são presos e a eles junta-se na prisão alguém com um sotaque estranho. É tudo o que é preciso para transformar o espetador num sem-abrigo cinematográfico, perdido numa cidade que se fecha numa sala de cinema claustrofóbica. O preto-e-branco ajuda, mas não é tudo.


A minha intenção é dizer-vos para correrem para o cinema para ver "Down By Law", mas é tarde. Não está no cinema. Também tencionava explicar-vos o que faz um filme de culto, mas para isso precisava de vos estragar alguma da surpresa que vem com o filme. Podia ainda contar-vos porque é que as maiores críticas a Jarmusch envolvem os termos "lento" ou "devagar", mas posso adiantar-vos que não é verdade. Os filmes do realizador têm a velocidade que têm de ter, nem mais nem menos.


Se gostam de ser surpreendidos com ironia, como se alguém estivesse a gozar com a vossa paciência, então este é o filme que têm de ver, com diálogos inteligentes, uma história superior e uma realização de fazer inveja a muito doutorado de Hollywood. Depois, tem o resto: interpretação e banda sonora. Se isso não é tudo, então não sei!...

quinta-feira, outubro 13, 2016

CINCO MOTIVOS PARA LER BOB DYLAN


O Mundo caiu atónito, principalmente o mundo dos escritores, que reagem como virgens ofendidas, porque a Academia dividida entre Oslo e Estocolmo, atribuiu o prémio Nobel da literatura a Bod Dylan, um cantor popular - ou, pelo menos, um cantor "pop".

Se é verdade que o juri do Nobel avaliou muito mais que as canções, tendo em conta uma serie de escritos, cartas, entrevistas, a verdade é que serão as canções que dominarão a conversa. Com 36 discos de originais entre 1962 e 2016, seria muito difícil não haver lixo lá pelo meio. Esta é uma pequena, muito pequena, escolha de seis ou sete poemas pessoais. Não são melhores nem piores que os outros, mas certamente foram estudados pelo júri do prémio Nobel.

"In My Time Of Dyin" (Bob Dylan, 1962)


Well, in my time of dying don't want nobody to mourn
All I want for you to do is take my body home
Well, so I can die easy
Jesus gonna make up my dying bed.

Well, meet me Jesus, meet me in the middle of the air
If these wings should fail to me,
Lord, won't you meet me with another girl ?
Well, so I can die easy
Jesus gonna make up my dying bed.

Lord, in my time of dying don't want nobody to cry
All I want you to do is take me when I die
Well, so I can die easy
Jesus gonna make up my dying bed. 
 "A Hard Rain's A-Gonna Fall" (The Freewheelin' Bob Dylan, 1963)

Oh, where have you been, my blue-eyed son?
And where have you been my darling young one?
I've stumbled on the side of twelve misty mountains
I've walked and I've crawled on six crooked highways
I've stepped in the middle of seven sad forests
I've been out in front of a dozen dead oceans
I've been ten thousand miles in the mouth of a graveyard
And it's a hard, it's a hard, it's a hard, and it's a hard
It's a hard rain's a-gonna fall.

Oh, what did you see, my blue eyed son?
And what did you see, my darling young one?
I saw a newborn baby with wild wolves all around it
I saw a highway of diamonds with nobody on it
I saw a black branch with blood that kept drippin'
I saw a room full of men with their hammers a-bleedin'
I saw a white ladder all covered with water
I saw ten thousand talkers whose tongues were all broken
I saw guns and sharp swords in the hands of young children
And it's a hard, it's a hard, it's a hard, and it's a hard
It's a hard rain's a-gonna fall.

And what did you hear, my blue-eyed son?
And what did you hear, my darling young one?
I heard the sound of a thunder that roared out a warnin'
I heard the roar of a wave that could drown the whole world
I heard one hundred drummers whose hands were a-blazin'
I heard ten thousand whisperin' and nobody listenin'
I heard one person starve, I heard many people laughin'
Heard the song of a poet who died in the gutter
Heard the sound of a clown who cried in the alley
And it's a hard, it's a hard, it's a hard, it's a hard
And it's a hard rain's a-gonna fall.

Oh, what did you meet my blue-eyed son ?
Who did you meet, my darling young one?
I met a young child beside a dead pony
I met a white man who walked a black dog
I met a young woman whose body was burning
I met a young girl, she gave me a rainbow
I met one man who was wounded in love
I met another man who was wounded in hatred
And it's a hard, it's a hard, it's a hard, it's a hard
And it's a hard rain's a-gonna fall.

And what'll you do now, my blue-eyed son?
And what'll you do now my darling young one?
I'm a-goin' back out 'fore the rain starts a-fallin'
I'll walk to the depths of the deepest black forest
Where the people are a many and their hands are all empty
Where the pellets of poison are flooding their waters
Where the home in the valley meets the damp dirty prison
And the executioner's face is always well hidden
Where hunger is ugly, where souls are forgotten
Where black is the color, where none is the number
And I'll tell and speak it and think it and breathe it
And reflect from the mountain so all souls can see it
And I'll stand on the ocean until I start sinkin'
But I'll know my song well before I start singing
And it's a hard, it's a hard, it's a hard, and it's a hard
It's a hard rain's a-gonna fall. 
  
"Like A Rolling Stone" (Highway 61 Revisited, 1965)

Once upon a time you dressed so fine
You threw the bums a dime in your prime, didn't you ?
People'd call, say, "Beware doll, you're bound to fall."
You thought they were all kiddin' you
You used to laugh about
Everybody that was hangin' out
Now you don't talk so loud
Now you don't seem so proud
About having to be scrounging for your next meal.

How does it feel?
How does it feel
To be without a home
Like a complete unknown
Like a rolling stone ?

You've gone to the finest school all right, Miss Lonely
But you know you only used to get juiced in it
And nobody's ever taught you how to live out on the street
And now you're gonna have to get used to it
You said you'd never compromise
With the mystery tramp, but now you realize
He's not selling any alibis
As you stare into the vacuum of his eyes
And say do you want to make a deal?

How does it feel?
How does it feel
To be on your own
With no direction home
A complete unknown
Like a rolling stone ?

You never turned around to see the frowns on the jugglers and the clowns
When they all come down and did tricks for you
You never understood that it ain't no good
You shouldn't let other people get your kicks for you
You used to ride on the chrome horse with your diplomat
Who carried on his shoulder a Siamese cat
Ain't it hard when you discover that
He really wasn't where it's at
After he took from you everything he could steal.

How does it feel?
How does it feel
To be on your own
With no direction home
Like a complete unknown
Like a rolling stone ?

Princess on the steeple and all the pretty people
They're all drinkin', thinkin' that they got it made
Exchanging all precious gifts
But you'd better take your diamond ring, you'd better pawn it babe
You used to be so amused
At Napoleon in rags and the language that he used
Go to him now, he calls you, you can't refuse
When you ain't got nothing, you got nothing to lose
You're invisible now, you got no secrets to conceal.

How does it feel
How does it feel
To be on your own
With no direction home
Like a complete unknown
Like a rolling stone ? 

"Forever Young" (Planet Waves, 1974)

May God bless and keep you always
May your wishes all come true
May you always do for others
And let others do for you
May you build a ladder to the stars
And climb on every rung
May you stay forever young
Forever young, forever young
May you stay forever young.

May you grow up to be righteous
May you grow up to be true
May you always know the truth
And see the lights surrounding you
May you always be courageous
Stand upright and be strong
May you stay forever young
Forever young, forever young
May you stay forever young.

May your hands always be busy
May your feet always be swift
May you have a strong foundation
When the winds of changes shift
May your heart always be joyful
And may your song always be sung
May you stay forever young
Forever young, forever young
May you stay forever young. 

 "Shelter From The Storm" (Blood On The Tracks, 1975)

'Twas in another lifetime one of toil and blood
When blackness was a virtue, the road was full of mud
I came in from the wilderness a creature void of form
"Come in," she said,
"I'll give you shelter from the storm."

And if I pass this way again you can rest assured
I'll always do my best for her on that I give my word
In a world of steel-eyed death and men who are fighting to be warm
"Come in," she said,
"I'll give you shelter from the storm."

Not a word was spoke between us there was little risk involved
Everything up to that point had been left unresolved
Try imagining a place where it's always safe and warm
"Come in," she said,
"I'll give you shelter from the storm."

I was burned out from exhaustion buried in the hail
Poisoned in the bushes and blown out on the trail
Hunted like a crocodile ravaged in the corn
"Come in," she said,
"I'll give you shelter from the storm."

Suddenly I turned around and she was standing there
With silver bracelets on her wrists and flowers in her hair
She walked up to me so gracefully and took my crown of thorns
"Come in," she said,
"I'll give you shelter from the storm."

Now there's a wall between us something there's been lost
I took too much for granted, I got my signals crossed
Just to think that it all began on an uneventful morn
"Come in," she said,
"I'll give you shelter from the storm."

Well the deputy walks on hard nails and the preacher rides a mount
But nothing really matters much it's doom alone that counts
And the one-eyed undertaker he blows a futile horn
"Come in," she said,
"I'll give you shelter from the storm."

I've heard newborn babies wailing like a mourning dove
And old men with broken teeth stranded without love
Do I understand your question man, is it hopeless and forlorn?
"Come in," she said,
"I'll give you shelter from the storm."

In a little hilltop village they gambled for my clothes
I bargained for salvation and she gave me a lethal dose
I offered up my innocence, I got repaid with scorn
"Come in," she said,
"I'll give you shelter from the storm."

Well I'm living in a foreign country but I'm bound to cross the line
Beauty walks a razor's edge someday I'll make it mine
If I could only turn back the clock to when God and her were born
"Come in," she said,
"I'll give you shelter from the storm." 

sábado, outubro 08, 2016

SALVA-SE O SPIDER!...

 

Uma mãe arrasta para Itália uma filha adolescente - rebelde, claro, como todos os adolescentes -, para reviver alguma da sua própria adolescência. Esta é, basicamente, a história base de "All Roads Lead To Rome" (Amor em Roma"). Parece interessante? É engano. Hollywood insiste em desperdiçar dinheiro em lixo, que nem reciclável é!...


De todo o filme, salva-se a beleza inimitável do Alfa Romeo Spider, que funciona quase como um ator secundário durante cerca de uma hora. É nessa maravilha da industria automóvel, que se desenvolve uma relação sem interesse e sem conteúdo, entre uma Claudia Cardinale a fazer de velha armada em "pintas", com os pés para a cova, mas ainda a tentar fumar charros com a tal adolescente Summer (Rosie Day).


Rocío Muñoz (a condutora da motorizada) ainda parece vir a introduzir alguma surpresa interessante ao filme, mas como tudo o resto, a coisa fica pela superfície mais idiota, sem desenvolvimento e sem inteligência. Duas das principais características de todo o filme.


Sarah Jessica Parker é uma mãe tão perdida como o resto do elenco, que a realizadora sueca Ella Lemhagem não consegue dominar, muito menos dirigir. Ainda se esperava que um toque feminino especial pudesse sair dum canto qualquer, mas nada mais que trivialidades sem interesse. Nada! O filme é um continuo de vulgaridades desinteressantes.


Estão a pensar ir ao cinema? Guardem o dinheiro para outro filme e esperem por uma daquelas sessões de televisão, para sarar um tédio de domingo. Ou, se insistirem mesmo em ver este "All Roads Lead To Rome", metam-no num cantinho pequenino do ecrã do telemóvel e vão-no seguindo, enquanto caçam Pokemons. Vai dar ao mesmo!