sábado, outubro 17, 2015

GERIR O SILÊNCIO



Não é por mais de metade do filme ser passado no exterior, que a claustrofobia desaparece em "Z for Zachariah" (Os Últimos Dias na Terra). O filme alimenta uma tensão que se vai acumulando com o desenrolar do drama e o que mais fascina é a gestão dos silêncios que Craig Zobel consegue fazer ao longo de toda a história, alimentando o suspense, que é mais previsto que visto.


Os personagens parecem alimentar-se da energia uns dos outros e, sendo uma história aparentemente simples, o espetador acaba sempre por ficar em suspenso da próxima cena, que pode, ou não, ser o que se supõe que irá ser.
Há inúmeros filmes sobre o fim da humanidade, sobre a vida num suposto pós-apocalipse. Em Z for Zachariah não sabemos o que aconteceu, nem isso interessa. Sabemos que há uma sobrevivente, a quem, ao longo do filme, se junta mais um e mais outro. O resto é previsível, não é?


Três atores, três personagens, dirigidos com sabedoria - mas, ao mesmo tempo, com descrição. A câmara funciona apenas como mais um espetador, sem se intrometer demasiado no drama. É verdade que eu não tinha quaisquer expectativas acerca do filme, o que pode ter alguma influência na apreciação, mas reconheço que não vai ser um filme consensual: não faz perguntas, não procura respostas, não adianta soluções. É apenas um drama, nada mais, e em certos momentos, muitos dirão que é chato.