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Um primeiro aviso aos mais distraídos: "Bokeh" vai deixar os espetadores desprevenidos "de rastos". Começa por parecer um simples romance, passa a parecer um anúncio de propaganda à beleza deslumbrante da Islândia, depois dá-se ares de ficção cientifica e acaba por ser uma poderosa montanha-russa de emoções, deixando a plateia desarmada e esmagada, literalmente! Preparem-se: é algo que não vão esquecer muito facilmente, nos próximos tempos!
Durante uma viagem romântica à Islândia, um casal - Jenai (Maika Monroe) e Riley (Matt O'Leary) - acorda um dia completamente sozinho no mundo, sem nenhuma razão aparente, sem motivo que o justifique. De repente, desapareceram todos os seres vivos do planeta e os dois estão completamente isolados numa ilha de onde não podem sair. Adoecer é morrer; ferir-se é morrer; estão absolutamente dependentes um do outro, nas suas limitações, no seu desespero.
A forma como cada um vai enfrentar a situação torna o filme um momento exemplar de tensão, drama e suspense, já que a natureza de ambos se revelará decisiva no desenrolar da aventura. Os realizadores e argumentistas Geoffrey Orthwein e Andrew Sullivan limitam-se a seguir os dois personagens nas duas deambulações, parecendo que estamos atrás de duas pessoas às voltas com situações de desinteresse absoluto.
Têm à sua disposição os melhores restaurantes sem pagar, as prateleiras de supermercados repletas, os bares com todas as bebidas à mão... E o amor que os une, para desfrutarem duma ilha deserta, onde nada os poderá incomodar na sua viagem idílica. Ainda por cima o argumento não se preocupa em procurar uma explicação para o sucedido, não se preocupa com a curiosidade do espetador e os próprios personagens parecem - parecem, só! - decidir aproveitar o momento.
"Bokeh" parece ser um simples desenrolar de nada. Parece ser um novelo que se vai desfiando sem nunca emaranhar. Mas é uma ilusão. É um filme tenso, que caminha em passos seguros para um final muito bem preparado, de tal forma que vai colocar os espetadores não como simples testemunhas, mas quase como parte ativa do drama. Repito: é uma hora e meia que não vão esquecer facilmente. Depois, não digam que não vos avisei!