"White Girl" não é para estômagos sensíveis. É um filme dramático sobre a descida ao inferno e embora a realizadora e argumentista Elizabeth Wood pareça fazer a sua heroína dar piruetas suficientes para sair incólume das sucessivas quedas, a verdade é que Leah (Morgan Saylor) irá certamente ficar prisioneira da sua aventura.
Este é um filme sobre a rua, sobre Nova York, sobre um certo submundo alimentado a cocaína, erva e outras drogas duras como rocha, filmado de forma crua e dura, com uma história violenta e violentadora. Tal e qual como os bairros periféricos, dos quais Summer, onde se passa grande parte da ação, é apenas um pequeno exemplo.
Sim, também é um filme sobre a paixão, sobre fazer tudo por amor, mesmo que o amor seja o passo para a frente, quando se está à beira do abismo. É por amor que Leah desde ao inferno, embora seja também por amor que tenta regressar. É um filme sobre o desespero das drogas, apesar de ser também de esperança. Não me entendam mal: não é um filme moralista; é apenas um filme que conta uma história. O resto, cabe ao espetador decidir por si.
Certamente todos nós conhecemos alguém que quer desesperadamente estar "in", sendo que, depois, luta desesperadamente por ficar "out". Leah e Katie (India Menuez) não são em nada diferentes de quaisquer outras jovens que partilham um apartamento que podem pagar e se tentam relacionar com o grupo da esquina, que, afinal, são os seus vizinhos.
Elizabeth Wood sabe filmar a rua; sabe como se vive na rua; sabe onde ir à noite, onde comprar droga e como se vende; sabe a linguagem e os tiques. Isso faz com que o filme seja ainda mais dramático. Percebemos que Leah poderia ser quaisquer dos nossos amigos. Tentamos manter-nos a salvo, olhando para o ecrã apenas como um espetador de fora, mas é difícil. É um filme que mexe com as entranhas, principalmente porque é passado nas entranhas.