"Wildlike" é um drama intenso e doloroso. É sobre o silêncio da dor mas, ao mesmo tempo, sobre o otimismo da cura. A história dá-nos tudo o que é preciso em 20 minutos e depois entra em velocidade de cruzeiro, parecendo quase não sair do mesmo lugar.
O abuso das mulheres nem sempre é notícia de primeira página, anunciada por megafones. Muitas vezes é oculta e privada e o sofrimento é vivido no mais profundo dos isolamentos. A tendência, depois, é contá-la em tom paternalista ou lamechas e é aí que o realizador consegue fazer um filme que foge aos clichés habituais.
É por isso que "Wildlike" não é um filme sobre a vitimização das mulheres, mas antes um filme sobre resistência e esperança e como o mais pequeno dos gestos, pode fazer a maior das diferenças. Várias referências me vieram à memória, entre elas "Uma História Simples" de David Lynch, porque "Wildlike" é também uma história de redenção, tanto quanto de busca.
Gostei muito deste filme, gostei muito da forma como Frank Hall Green - mais conhecido como produtor do que como realizador - aborda o tema com seriedade e sem preconceitos; gostei muito de como liberta Mackenzie (Ella Purnell) do estigma da vitima inocente e gostei muito de como usa a paisagem e o ambiente, de forma libertadora e pacificadora.