Há capas que não deviam existir. Tal como escrevi aqui acerca de "In The Deep", também este "The Lifeguard" tem uma capa que faz lembrar "Baywatch" - mesmo que os atributos físicos de Kristen Bell não sejam comparáveis às medidas de Pamela Anderson -, o que fará muita gente torcer o nariz a pegar neste filme. Fazem mal.
"The Lifeguard" começa por dar a impressão de ser (mais uma) daquelas comédias românticas, das quais raramente trazemos recordações. É um engano. O filme é um drama profundo sobre a solidão, a possibilidade de recuperação do passado e como o futuro é sempre mais interessante que ficar preso no que não foi, mas podia ser.
Quer dizer, este filme, sem ser uma obra prima, não vai desiludir os que decidirem vê-lo. Tem uma história consistente e Liz Garcia filma-o com a competência devida, deixando os atores respirar e desempenhar o seu papel, sem se intrometer demasiado, mas mantendo mão firme.
O uso sistemático dos planos fechados, de rostos expressivos, não sendo propriamente original, dá aos atores possibilidades de serem livres nos sentimentos e, ao mesmo tempo, cria tensão para o espetador se identificar com os personagens. Afinal, o filme é precisamente sobre emoções, vitórias e falhanços, dúvidas do futuro e libertações do passado.
Portanto, apesar do poster de apresentação de "The Lifeguard" ser de evidente mau gosto, pelo que muitos renunciarão ao filme, outros, como eu, decidirão arriscar em mais um romance. Se é verdade que os primeiros não perderão grande coisa, também é verdade que, os segundos, irão divertir-se com uma bela história de reencontros, drama e redenção.