quinta-feira, agosto 18, 2016

COPENHAGA, ASSIM MESMO


"Copenhagen" é um daqueles raros filmes em que a simplicidade, a ligeireza e a simpatia, funcionam a favor duma história profunda. O romance é uma desculpa para os personagens se cruzarem e a cidade de Copenhaga, omipresente - não no mesmo sentido que Viena e Paris, para a série "Antes de Amanhecer" e "Antes de Anoitecer" -, serve apenas de pano de fundo para um mergulho ao passado.


O filme só começa a ser estranho - pelo menos, para o moralismo cristão ocidental -, quando o espetador é confrontado com a idade dos personagens. Mas a pedofilia não é o tema do filme, embora esteja presente a partir de certo momento e Effy (Frederikke Dahl Hansen) é tudo, menos uma menina perdida, enganada por uma mente sexualmente pervertida.


William, o personagem interpretado por Gethin Anthony, é tão surpreendido como o espetador, mas os seus obetivos verdadeiros são outros. A relação amorosa é secundária - mas fundamental, é verdade -, porque o tema central do filme é um "crescimento" que não tem a ver com a idade, tem antes a ver com as pazes com o seu próprio passado.


 O espetador não deixa de ser solidário com o personagem masculino, até porque Effy não se recusa à sua sexualidade. Não está ali manipulada por um psicopata, pelo contrário, envolve-se no drama voluntariamente e de forma decidida. Não se recusa, antes insinua-se.


 Toda a equipa que participou em "Copenhagen" deve estar orgulhosa do produto final que conseguiram. É um filme verdadeiro do principio ao fim, assumindo os dramas que o envolvem - amizade, traição, descoberta do passado e, claro, o amor - sem preconceitos nem falsos moralismos.