UMA MIÚDA COM POTENCIAL: créditos completos |
“Promising Young Woman” é a nossa nova espreitadela aos Óscars de 2021, depois de “Mank” e “Nomadland” e deixem-me avisar já, que este não é uma coisinha leve, daquelas que a Academia costuma gostar. Este filme é negro, deprimente, pesado e lida com temas sensíveis, que não deixarão o espectador indiferente. Mesmo assim, para quem gosta de dramas de mistério, será, certamente, um dos melhores filmes que irão ver este ano.
Por algum motivo, que só vai ficando claro com o decorrer do filme, Cassandra (Carey Mulligan) encontra-se numa cruzada de vingança contra os homens – principalmente as almas caridosas que gostam de tentar ajudar raparigas bêbadas, perdidas em bares nocturnos. Durante o dia trabalha no café duma amiga e, pelo menos uma vez por semana, vagueia pelos bares fingindo-se alcoolizada. Ao contrário do que isto pode sugerir, “A Promising Young Woman” não tem nenhuma violência explicita, o que, vendo bem, serve para adensar o mistério.
Nunca Emerald Fennell nos dá uma pista sobre as acções reais de Cassandra, nem esta revela o mais pequeno pormenor sobre o que realmente faz com os homens que a levam para o quarto. O filme é um perfeito vazio de “gore” – ao contrário do que sugerem alguns cartazes -, mas transmite um sentimento de agressividade permanente que incomoda os espectadores.
Este não é um filme para uma tarde de domingo em família. É um filme adulto, para adultos, sobre um tema pesado e incomodativo. É uma obra inteligente, com diálogos inteligentes, servidos por actores competentes, que contêm cenas que, não sendo sexualmente explicitas, têm grande conteúdo sexual. Como disse ao principio, quem gosta de policiais e mistérios, vai sentir-se feliz por ver este filme.
Nesta ronda que estamos a fazer pelos Óscars, até ao momento este seria o concorrente directo de “Nomadland”. Não usando do pretensiosismo de “Mank”, quase discreto, “Promising Young Woman” é uma espécie de porto de abrigo para os amantes de thrillers. Se gostarem de um pouco de comédia romântica diluída no mistério, então é o paraíso!