sexta-feira, março 20, 2020

ORIGINAL PARA QUÊ?

CRÉDITOS COMPLETOS

O realizador Oriol Paulo é um mestre de argumentos com surpresas e reviravoltas, pelo que este "Durante la tormenta" não foge à regra. Depois de "Contra Tempo" de 2016 - que, com os seus 25 milhões de receita na China, se tornou o maior boxoffice espanhol no estrangeiro -, e de "El Cuerpo" de 2012, o director traz em 2018 um filme de ficção-científica, que é, ao mesmo tempo, um romance e um thriller.


Há uma tempestade que se repete 25 anos depois, há um crime, há uma criança que morre, há uma mulher que consegue viajar no tempo, tentando alterar o passado. Só que alterar o passado altera o futuro e Vera Roy (Adriana Ugarte) vê-se envolvida numa série de surpresas e mal entendidos na sua própria vida.


Eu sei que "Efeito Borboleta"  - apenas como exemplo - veio logo à vossa memória. Mas se há coisa que "Durante la tormenta" não procura, é ser original. Isso não lhe retira nada de interesse. Começa devagar, sem ser imediatamente óbvio o - ou "os" - tema central, passando a passos cada vez mais rápidos, sempre introduzindo surpresas, nunca deixando que o espectador se sinta confortável no que pode vir a seguir.


"Durante la tormente" é, acima de tudo, um filme honesto, nunca renunciado às suas influências, acenando com as colagens com orgulho e emotividade. De "Regresso ao Futuro" ao já citado "Efeito Borboleta", passando por "Poltergeist" ou "Peggy Sue Casou-se", Oriol Paulo mete tudo no mesmo saco e faz uma obra interessante e apelativa. Não é muito original, é certo, mas esse acaba por ser o seu maior trunfo.


Não sendo um produto low-cost como "El Cuerpo", não é uma superprodução. Tem uma gestão eficiente dos meios de que dispõe, mantendo-se naquele nível de cinema independente que está longe das fortunas de Hollywood. Depois dos milhões de "Contra Tempo", Oriol Paulo tem direito a um certo desafogo no orçamento, é verdade, mas não há desperdícios em "Durante la tormenta", ninguém se mete em aventuras exageradas, tudo é gasto exactamento onde tem de ser.


Este é um daqueles filmes que, no final, agradecemos por ter ficado em casa. Vale cada minuto, deixa o espectador colado à história e às surpresas que vão chegando quase a cada instante. "Durante la tormenta" é um cocktail para apreciadores de policiais, de romances ou de ficção-científica. Não é o melhor filme do mundo, mas é o melhor do mundo num só filme.