Em "Fome de Viver" ("The Hunger") tudo conspira para o prazer supremo do cinema: a banda sonora, a sensualidade, o erotismo. Tony Scott pegou num triângulo amoroso entre vampiros e fez um filme a meio caminho entre o terror e o romance. Mas, neste caso especifico, o "meio caminho" é exatamente a estrada que tem de se percorrer.
Embora tenha sangue em quantidade suficiente, "Fome de Viver" não é um filme de terror, apesar de ser um filme com muitas cenas horrorosas. A (excelente, diga-se) novela de Whitley Streiber, é transformada em algo totalmente novo, deixando para trás a sua origem, sem, contudo, nunca a renunciar.
A abertura de "Bela Lugisi's Dead" dos Bauhaus é apenas o principio para duas horas do melhor gótico que Hollywood tem para nos oferecer, e depois, a Miriam Blaylock, composta por Catherine Deneuve, ou a doutora Sarah Roberts de Susan Saradon, fazem o resto, com o John Blaylock de David Bowie a compor toda a trilogia.
A direção artística de Clinton Cravers (sim, sim, o mesmo de "Pink Floyd: The Wall" de Alan Parker) acaba com quaisquer duvidas que ainda houvesse. Ver "Fome de Viver" transforma-se numa experiência única para qualquer cinéfilo, pela atmosfera, pelo estilo, erótico e sangrento.
Não é um filme para uma tarde de domingo em família. É um filme adulto, visualmente agressivo e filmado de forma dramática, sem tentar esconder nada. Ao lado de "Drácula de Bram Stoker" é um filme sobre o drama da imortalidade, mais do que sobre o prazer de matar por sede de sangue. Estes vampiros são humanos: apaixonam-se e sofrem com a angústia da eternidade.