sábado, junho 10, 2017

O REGRESSO DE "SHANE" NO ADEUS A MISTER HUGH

Logan: CRÉDITOS COMPLETOS



Wolverine deve ser o mais amado dos personagens de X-Men e como Hugh Jackman já afirmou várias vezes que deixaria para trás o personagem da Marvel - coisa que, como sabemos, a maior parte das vezes depende muito da quantidade de dólares que lhe oferecerem pelo regresso -, este "Logan" merece bem uma crónica neste blog, principalmente porque ele é parte integrante de uma série que começou em 2000 e que, melhor ou pior, tem mantido um nível muito acima da média.


"Logan" assume uma dimensão de ficção cientifica que não era tão visível nos filmes anteriores, o que vai chamar algum público que nunca se sentiu atraído pela série propriamente dita. O filme assenta arraiais explicitamente no futuro, coisa que não sendo estranha para os amantes dos filmes anteriores, sempre foi deixado um bocado no ar, apenas como um pressuposto que não precisa de ser esclarecido.


Esta distância no tempo é acentuada pela constante presença de "Shane", o filme de 1953 de George Stevens, considerado por muitos um dos melhores westerns de sempre. "Shane" não aparece em "Logan" apenas como uma peça secundária, mas como um personagem distante que o diálogo final de Shane com Sam vem acentuar para "memória futura". Toda a história deste "Logan" - o herói que não o quer ser -, pode ser resumida em "Shane" - o cow-boy que não quer usar armas.


Desde o inicio da série que Logan é um desenquadrado, não se sentindo à vontade com o grupo X-Men, mas não se encaixando numa vida social tradicional, quer dizer, não está bem dentro e não está bem fora. Isso não muda neste capítulo. Afinal, esse também é um dos fascínios que atrai tantos admiradores para este personagem, uma espécie de Nietzsche dos mutantes, um homem que quer novos valores num mundo contaminado por uma tradição que não lhe diz respeito, da qual se sente excluído.



Eu sou um incondicional admirador da série X-Men em geral, e por Hugh Jackman no papel de Wolverine em particular, e tenho uma leve impressão que esta é a melhor performance do ator na pele deste mutilado deprimido. Embora por vezes o filme pareça cair numa toada algo lamechas, puxando a lágrima do espetador, isso parece-me que se deve mais a presença de Laura (Dafne Keen) do que a uma intenção deliberada do realizador e co-argumentista, com Scoll Frank, James Mangold - que já tinha pegado no mesmo personagem em 2013, com o filme "Wolverine".


Como de costume, Wolverine é empurrado para a aventura quase contra vontade, neste caso por uma Laura infantil mas nada inocente, uma verdadeira máquina de matar. Talvez "Logan" seja o capítulo final para Hugh Jackman como Wolverine e para Patrick Stewart como Professor X, mas ficaram muitos mutantes à solta para Hollywood e a Marvel encerrarem uma das séries de maior sucesso baseadas em comics. Ainda há pana para mangas a explorar.


Os fãs da série não se sentirão desiludidos por este final - o filme tem tudo o que faz da série X-Men o sucesso que sabemos - e, ao mesmo tempo, não deixará indiferentes um novo público, ao qual se parece começar a piscar o olho. No fundo, pode não passar de uma sequela dos outros "solos" de Wolverine - o de 2003 "X-Men Origens: Wolferine" e o já citado "Wolverine" de 2013 -, mas se for esse o caso, este "Logan" é o melhor dos três.