"24 Exposures" é a prova de que não se deve abordar um filme já carregado de preconceitos. O género "sexploitation" é um prato (quase) tipicamente italiano e, tal como uma boa pizza, deve ser cozinhado com o requinte dum bom forno de lenha, sob pena de saber a micro-ondas.
E um bom forno de lenha é precisamente o que tem o argumentista e realizador Joe Swanberg, que com pouco dinheiro, não fica nada a dever ao melhor Jesús Franco ou ao melhor Joe D'Amato, misturando de forma brilhante nudez e crime, sexo e sangue.
"24 Exposures" não tem dinheiro, mas tem tudo o que é preciso para pegar em mulheres nuas e cenas eróticas, regá-las com molho de tomate e criar um excelente entretenimento, um cocktail do melhor de Jean Rollin com o melhor Tinto Brass.
Como não tem preocupações de estilo, não pretende fazer nenhuma declaração de originalidade cinematográfica, Joe Swanberg deixa os atores em paz na sua evidente incompetência, nervosismo e falta de experiência.
É preciso tanta nudez feminina para fazer este filme, ao ponto de já lhe terem chamado "soft-core porn"? Talvez não... Mas numa segunda perspetiva, porque não? Se a história é passada no mundo das belas modelos fotográficas, o que é que há de mais erótico, que despir uma jovem apetecível, excitantemente vestida de lingerie vermelha - ou preta, ou branca...?
E depois da cena erótica, porque não retalhá-la em pedaços e deixá-la para o detetive deprimido - também ele com problemas eróticos em casa - vir a descobri-la e desembrulhar a meada do crime?
É por isso que o despretensioso "24 Exposures" vale a pena. Porque não tem intenções de provar nada, demonstrar nada, exercitar nenhuma mente iluminada. Sexo, nudez e sangue. É tudo o que é preciso.