Mulher-Maravila: CRÉDITOS COMPLETOS |
A moda da Marvel e dos X-Men talvez (repito: "talvez") nos tenha feito esquecer que alguns dos mais famosos heróis são da "DC Comics": Batman, Batwoman e Catwoman, Superman e Supergirl, The Flash... E, claro, a maravilhosa Wonderwoman, criada em boneco por William Moulton Marston e aqui (muito bem) reencarnada na não menos maravilhosa israelita Gal Gadot - que vem fazendo muitos, ou todos, dos últimos "Velocidade Furiosa".
Para levar à tela esta aventura a Warner Bros. foi buscar os escritores Allan Heinberg - mais conhecido por escrever e produzir muito da "Anatomia de Grey" ou "O Sexo e a Cidade" - e Zack Snyder - sim, o mesmo de "300" -, entregando a realização a Patty Jenkins, uma quase desconhecida com alguns créditos na TV, mas pouco mais. Por aqui se vê que o espírito televisivo, rápido e conciso, domina esta produção. Não se espere, portanto, algo de novo deste filme: é apenas mais uma história já contada, vezes sem conta, que começa e acaba no sitio onde todas as outras começam e acabam.
O que temos de apreciar é o recheio que enche o bolo, como uma bola de Berlim, que não passa de massa frita polvilhada com açúcar, mas que apresenta tantas nuances de pastelaria para pastelaria, que nos leva a atravessar uma cidade, só para procurar aquela que é realmente melhor que as outras. Neste aspecto, "Wonderwoman" vem sem creme - e embora muita gente prefira as bolas de Berlim assim, sem o recheio, não vai ser este o caso.
Diana (Gal Gadot) é treinada desde pequenina para ser uma guerreira imbatível, na sua ilha inocente e paradisiaca. Só que a Primeira Guerra Mundial entra-lhe pelo mar dentro, na pele do piloto inglês Steve Trevor (Chris Pine), obrigando-a a abandonar o conforto do lar e a descobrir o seu verdadeiro destino e a sua verdadeira força. O problema é que nem os escritores, nem a realizadora, nem os actores, conseguem fazer seja o que for para adoçar, acabando tudo num bolo massudo, difícil de mastigar e sem sabor.
É evidente a empatia entre Gadot e Pine e são também evidentes os esforços da produção para meter algum colorido na aventura, dinheiro gasto em efeitos especiais e num acabamento profissional, mas que, no final, não consegue esconder a pobreza do todo. Com a concorrente Marvel a ganhar pontos com Os Vingadores, os X-Men, o Wolverine ou o Homem-Aranha, a DC deixa-se ficar com uma bola de Berlim mal cozinhada, sem creme e, ainda por cima, requentada no micro-ondas, para parecer acabada de sair do forno, fresca e apetitosa.