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Não se deixem enganar pela multiplicidade de prémios conquistados por este filme. "1 Buck" tinha muitas possibilidades, entre um thriller policial ou um drama familiar, e desperdiça-as todas num dólar mal gasto. Nem sequer é muito original a história de seguir um objecto que vai influenciando a vida de várias pessoas, mas nem isso é o mais desinteressante.
O filme começa com um crime, mas em 15 minutos já temos um polícia deprimido, viciado em cocaína, uma família disfuncional e, finalmente, uma nota de dólar que começa a passar de mão em mão. O realizador e argumentista Fabien Dufils diz ter apenas colado várias histórias que foi ouvindo, mas a verdade é que usou cola pouco consistente.
"1 Buck" dá-se ares, quer parecer o que não é, e isso é o pior que pode acontecer a um filme que, ele próprio, não sabe o que é. O elenco parece pouco à vontade no que está a fazer e a realização é muito parecida com uma tese de final de curso, apresentada por um adolescente eufórico de tão pedrado, num qualquer curso de cinema.
Talvez distraia alguns espectadores que gostam de mulheres a mostrar os seios ou de violência sem sentido - não aquela simples e directa dos "séries B", onde as tripas e os miolos espalhados pela parede fazem sentido, por não fazerem sentido nenhum -, mas vai deixar muito frustrada uma plateia que sabe o que quer, que já viu a mesma história filmada com extrema qualidade - e, sem me preocupar muito, lembro-me logo, logo, da espingarda de "Babel", de Alejandro González Iñárritu.
Poderia haver alguma condescendência acerca do baixo orçamento, Fabien Dufils até consegue captar aquele ambiente negro da América profunda - os bares sujos, as prostitutas baratas, as famílias tradicionais -, mas depois não sabe o que há-de fazer com isso. Arranja uma nota de dólar e gasta-a mal gasta. Os espectadores vão ficar desiludidos, desinteressados e perdidos.