Encontros: CRÉDITOS COMPLETOS |
Podia ser o romance perfeito, mas “Deux Moi” tem um pequeno problema que é a falta de ritmo. Move-se em
círculos lentos, colocando o espectador numa situação estranha, sabendo, ao fim
de 15 ou 20 minutos, onde tudo vai acabar, mas andando demasiado em solavancos que emperram o desenrolar da história. Esta é a pior parte. Agora
vamos ao resto.
Rémy (François Civil) e Mélanie (Ana Girardot) vivem em Paris
em prédios contíguos. Não se conhecem
embora se cruzem de vez em quando na mercearia ou na farmácia – onde vão, ele
por dormir de menos, ela por dormir demais; ele alheio e desinteressado devido
a um trabalho de que não gosta, ela deprimida devido ao fim dum relacionamento.
“Deux Mois” segue ambos nas suas deambulações
desinteressadas através de diálogos inteligentes e interpretações competentes .
O filme tem humor – não sendo exactamente uma comédia – e levanta o problema do
alheamento provocado pelas cidades modernas, impessoais, onde a solidão impera,
mesmo que superpovoadas.
O uso da psicoterapia
para ir revelando o caracter dos personagens pode parecer um cliché demasiado
visto, mas o realizador Cédric Klapisch, juntamente com o co-argumentista
Santiago Amigorena, conseguem, mesmo nesses momentos, criar algo original e o
espectador não deixa de se divertir com as situações desenvolvidas.
“Deux Mois” é um filme extremamente competente em todos os
sentidos. Um pouco melhor gestão do ritmo e seria um romance perfeito, mesmo
que aqui e ali alguns “deja vu” possam
distrair o espectador. É, no entanto,
muito mais uma história sobre a solidão que sobre o amor, muito mais sobre
desencontros que sobre encontros.
Este é um daqueles filmes que chamará o espectador a uma
segunda visualização, porque acaba com aquela sensação que houve coisas que
ficaram para trás. A melhor premissa do filme é que não se pode amar alguém sem
nos amarmos a nós próprios primeiro, a
pior, já explorada até á exaustão, é que a vida urbana de hoje nos arrasta para
uma solidão infinita.