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Conheci Haley Lu Richardson em "A Distância Entre Nós", filme que ela carrega às costas com a sua expressividade. Depois, apaixonei-me por "Columbus" e diverti-me com "Unpregnant" e "No Limiar dos 18". Foi (principalmente) por ela, que esperei pela estreia deste "Love at First Sight".
Ao contrário de "Tudo na Boa!" (apenas como exemplo recente), com outra actriz que eu admiro, Jennifer Lawrence, que assume honestamente a sua vulgaridade e faz disso o principal trunfo, "Love at First Sight" é pretencioso. Não passa duma comédia romântica adolescente - o que, só por si, nunca foi defeito -, mas quer dar-se ares de drama existencial.
A história do filme é simples e fácil: Hadley (Haley Lu Richardson) perde o avião que a levaria de Nova York para Londres e tem de ficar no aeroporto à espera do vôo seguinte. Nesse tempo, conhece Oliver (Ben Hardy) e entre eles nasce uma paixão à primeira vista. Só que, depois de aterrarem, a vida decide criar-lhes uma série de obstáculos, que os vão fazer passar por várias peripécias para se voltarem a encontrar.
À volta disto, o filme tenta fazer uma série de piadas acerca de estatísticas e probabilidades, de acasos e possibilidades, o que, vendo bem, nem sempre funciona como narrativa interessante, ainda mais porque Ben Hardy tem dificuldade em passar por adolescente universitário e não tem uma química com Haley Lu Richardson, que faça a paixão credível - que saudades da interacção dela com John Cho em "Columbus"!....
A Netflix está a tornar-se especialista em produções próprias para "stream", filmezinhos familiares sem grandes preocupações, especificamente realizados para domingos familiares à volta duma piza pré-fabricada. Não tem de ser um defeito só por si - estou a lembrar-me de "Mixtape", por exemplo - mas é muito fácil escorregar no gelo fino da vulgaridade brejeira.
É por isso que "Love at First Sight" tem os meios de produção necessários para não se afogar completamente nas águas mais profundas da vulgaridade. É um filme colorido, visualmente atractivo, e tem a duração adequada para não se tornar um tédio insuportável, mas, para ser honesto, só isso não basta para o resgatar.
"A Probabilidade Estatística do Amor à Primeira Vista", Jennifer E. Smith, ed. Suma de Letras |