segunda-feira, abril 03, 2017

UM PASSEIO MUITO AGRADÁVEL

CRÉDITOS COMPLETOS


"The Thirteenth Floor" é do mesmo ano do primeiro "Matrix" e é inevitável a colagem de um ao outro, embora as referências se fiquem por aí. "Matrix" estabeleceu os padrões cinematográficos dos filmes de aventuras e este "The Thirteenth Floor", para além de começar com a famosa frase ontológica de Descartes, não tem nada que o distinga de outras aventuras românticas que brincam com as viagens no tempo.


É, no entanto, um belo policial de aventuras, dividido entre a atualidade e os anos 30. Corta a direito, sem brincar com a mente do espetador, e mantém a plateia presa ao ecrã a tentar descobrir a ponta da meada. Em minha opinião é muito mais próximo de "Memento" - feito dois anos depois - que de "Matrix", já que tentar encontrar aqui qualquer referência aos níveis de realidade é um exercício perdido.


Hannon Fuller (Armin Mueller-Stahl) viaja no tempo entre a atualidade e 1939, onde se diverte com meninas num hotel de luxo. Um dia é assassinado no tempo atual e isso vai despoletar uma série de aventuras do seu sócio Douglas Hall (Craig Bierko), principal suspeito do crime, que o levam a rocambolescas peripécias entre o presente e o passado, na tentativa de esclarecer o caso.


A partir desta história da novela de Daniel F. Galouye - editada nos anos 60 com o título "Simulacron 3", que não sei se foi alguma vez publicado em Portugal -, Josef Rusnak faz um filme bem entretido, sem muito sumo filosófico mas com muito interesse aventureiro. Os atores representam o seu papel na perfeição, adaptando-se sem dificuldade às mudanças de ambiente, sabendo estar em ambos os planos do passado e do presente. Gretchen Mol (Jane Fuller, a filha misteriosa) aproveita o facto de ser quase a única mulher em cena e brilha com esplendor.


Ninguém se vai arrepender de se sentar no sofá a ver este "The Thirteenth Floor", mesmo que no fim não haja grande assunto para recordar. É um simples policial romântico, bem construído e bem desenvolvido, um sólido exemplar de como se faz um bom "série B". Um passeio muito agradável entre os filmes negros de outrora e a ficção cientifica mais ligeira da atualidade.