segunda-feira, fevereiro 06, 2017

UMA BOA TARDE EM FAMÍLIA



"Passengers" podia descambar num cocktail absurdo. Começa por parecer ficção cientifica, de repente transforma-se num romance e acaba por ser um thriller. Tudo isto sem contemplações pelo espetador e sem aviso prévio. Mas a verdade é que Morten Tyldum - o mesmo de "O Jogo da Imitação", sim - consegue um filme muito bem equilibrado, com momentos de tensão e drama em perfeita harmonia.


Jim Preston (Chris Pratt) vai hibernado numa viagem de 120 anos, para uma colónia terrestre noutro planeta. Devido a uma avaria, acorda 90 anos antes do tempo, e vê-se sozinho numa nave vazia, com exceção dum barman robot (Michael Sheen), que insiste em afirmar que é um andróide (os amantes de ficção cientifica reconhecerão a diferença!...).


Claro que, logo de inicio, o espetador pergunta-se se o tema irá aguentar duas horas de filme. Mas o argumento de Jon Spaihts tem inúmeras surpresas guardadas na manga. E o filme vai atirando com a plateia de um lado para outro, como as bebidas misturadas num shaker, nas mãos de um empregado competente.



Para  bem da sua sanidade mental, Jim tem de fazer uma má opção e "Passengers" é precisamente sobre tomar más opções por motivos vitais. Mas sejamos claros: quem não cometeria qualquer crime, por 90 anos de convívio privado com a "miúda azul" de X-Men ou a Katniss Everdiin de "The Hunger Games"? Jennifer Lawrence (Aurora Lane) e, mais tarde, Laurence Fishburne (Gus) acabam a fazer o trio que tem de lidar com uma nave que parece enlouquecer a cada instante.



Não restam dúvidas que, na sua essência, "Passengers" é um romance. É um filme para ir passar uma tarde na companhia da mulher e dos filhos, com a certeza de que ninguém se irá arrepender. Mas isso é demasiado redutor para uma história cheia de nuances e surpresas, onde os atores representam com credibilidade um argumento bem escrito e bem filmado, transformando um simples drama romântico, numa aventura interessante.