quarta-feira, março 18, 2020

TÃO LIMPINHO, QUE CHATEIA



ELENCO COMPLETO

Peguei neste "Only" depois da desilusão que foi "Joker" e para fugir às grandes produções de Hollywood. Um filme independente, premiado em 2019 pelo Tribeca Film Festival, parecia ser a aposta certa para os tempos que se avizinham. Mas este filme falha em toda a linha. É uma produção cuidada, com actores que representam sufucuentemente bem para serem crediveis, muitas cenas em exterirores - o que representa sempre um custo acrescido, que os contabilistas não perdoam -, mas depois é tão previsível, tão certinho, tão limpinho, que se torna aborrecido e desinteressante.


Um cometa liberta um estranho vírus, que dizima todas as mulheres do planeta. Um jovem casal decide esconder-se, embarcando numa viagem onde acabam por ser as próprias vitimas do seu isolamento. As interpretações não são desinteressantes e o realizador Takashi Doscher não faz um mau trabalho, mas nessa procura tão desesperada de não desiludir, o filme acaba por ser vítima da limpeza e da esterilização.


O lado mais positivo do filme está na química entre Eva (Freida Pinto) e Will (Leslie Odom Jr.), que realmentye parecem um casal apaixonado, suportando-se tanto nos momentos bons como maus. Na verdade, parecem numa relação real; o lado mis negativo - e já não falo dos erros de lógica, como o facto de Eva querer parecer um rapaz, e passar o filme sem cortar o cabelo! - o lado mais negativo, dizia eu, é precisamente o medo de falhar, o medo de correr o risco de ir um passo mais longe.


"Only" é um daqueles filmes que até dá pena de dizer mal. É um filme feito com epenho, com profissionalismo, com carinho, por todas as partes que o compõem, a interpretação, a produção, a realização... Mas depois, procurando uma esterilização artificial, que o torne imune às ameaças exteriores, acaba por perder-se na sua própria perfeição aparente.


Ao contrário do vírus que ataca a Terra, "Only" é um filme inócuo. Feito com cuidado, mas inofensivo, sem ritmo que apele ao espectador e com o suspense - se era para ter - mal gerido. Cada cena é duma previsibilidade desencorajamte e o final antecipa-se ao fim de 15 ou 20 minutos depois do começo. É uma pena. A dedicação de todos, merecia melhor resultado final.