Sentei à minha mesa
Os meus demónios interiores
Falei-lhes com franqueza
Dos meus piores temores
Tratei-os com carinho
Pus jarras e flores
Abri o melhor vinho
Trousse amêndoas e licores.
Chamei-os pelo nome
Quebrei a etiqueta
Matei-lhes a sede e a fome
Dei-lhes cabo da dieta
Conheci cada um
Pus de lado toda a farsa
Abri a minha alma
Como se fosse um comparsa.
E no fim já bem bebidos
Demos abraços fraternos
E de copos bem erguidos
Brindámos aos infernos.
Saíram de mansinho
Aos primeiros alvores
Fizeram-se ao caminho
Sem mágoas nem rancores
- Adeus foi um prazer –
Disseram a cantar
- Mantêm a mesa posta
Porque havemos de voltar.
(Jorge Palma, in “Norte”)
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