sábado, julho 16, 2016

SUPERIOR INTERESSE DO CONTEXTO

 
 

"Womb" é maravilhosamente interessante e interessantemente maravilhoso. Vocês sabem como eu sou fanático por um bom romance, mas também sabem como sou esquisito com eles. Não basta por um rapaz e uma rapariga, arranjar-lhes uma serie de situações, criar uma relação, para termos uma boa história de amor. É preciso muito mais, é preciso saber filmar borboletas no estomago e é preciso que os personagens sejam convictos no que estão a fazer.


 Este não é um filme para quem gosta de velocidade, ação e aventura. O realizador Benedek Fliegauf demora o seu tempo a construir as relações e os atores demoram o tempo que for preciso para explicar, bem explicadinho, o que os move para o clímax ético que é proposto. Nada acontece por acaso.

 Não é um filme feliz nem entusiasma o espetador com um fogo de artificio esplendoroso. É um drama intenso, filmado com intensidade, em que cada pormenor contribui com o seu pequeno pedaço para o todo. A determinada altura, parece que já sabemos tudo, mas o filme funciona como um azol que nos prende em definitivo.

 À superfície é um filme também sobre a atração e como ela pode ser tão inexplicável, que se pode tornar (quase) irracional. Ou, visto por outro prisma, é um filme sobre como o amor é de tal forma possessivo, que a racionalidade se torna egoísta às ultimas consequências. Só que "Womb" nunca fica pela superfície e leva tudo às ultimas consequências.


Os cenários são nus e simples,  os diálogos minimalistas, tudo para deixar o espetador ser esmagado pelo  superior interesse do contexto. Eva Green (Rebecca) brilha até ofuscar e Matt Smith (Thomas) acompanha-a numa parceria de fazer inveja a outros pares famosos do cinema. "Womb" é um dos mais fantásticos e surpreendentes filmes que podemos ver.

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