terça-feira, janeiro 03, 2017

RENDER O INVESTIMENTO

 

Tenho a confessar que gostei do primeiro "Jack Reacher". Era um "teoria da conspiração" bem conseguido, com ritmo, acção e divertimento, mesmo considerando que o Jack Reacher de Lee Child tem quase 2 metros de altura e 110 quilos de peso, coisa que o coitado do Tom Cruise, por muito que tente, não consegue atingir, mas mesmo assim, o filme estava bem conseguido.


O problema é que a Paramount adquiriu os direitos de algumas das histórias e agora tem de despachar filmes para compensar o investimento. E se é verdade que Tom Cruise sabe todo o livro da ação - aprendeu a conduzir F-11's e Chevrolets e, reconheçamos, as "Missões Impossíveis" nem são nada de deitar fora -, também é verdade que nem sempre as mãos que o dirigem estão à altura da encomenda.


A adaptação para cinema deste "Jack Reacher: Never Go Back", ficou a cargo de Richard Wenk, Edward Zwick e Marshall Herskovitz, que nem por sombras conseguem atingir o nível do seu antecessor de 2012.
 Este também tem lá (quase) tudo: tiros, porrada, correrias, mas o resultado final é uma omelete sem sal. Não basta por toda a gente aos murros, para fazer um bom filme de ação. É preciso mais.


Os mais atentos dirão que o realizador Edward Zwick tinha obrigação de fazer melhor, porque já tinha conseguido um dos melhores filmes de Tom Cruise, "O Último Samurai", ou porque também já tinha assinado o interessante "Diamante de Sangue" com Leonardo Di Caprio, por exemplo, mas aqui perde-se em rodriguinhos desnecessários e acaba por não sair nada de interesse, mesmo para quem gosta de porrada pura e simples, sem muita conversa e sem muito assunto para pensar.



A tentativa de dar algum interesse ao mistério do passado de Jack Reacher, tentando meter-lhe uma filha pelo meio, pode dar algum assunto durante um bocado, mas antes do meio do filme, já toda a gente percebeu onde é que a história vai parar e tudo serve apenas para Danika Yarosh (Samantha) ir espalhando o seu charme adolescente.


Não é com adaptações destas que a produtora vai recuperar o investimento feito nas histórias originais - de que eu não gosto particularmente, mas que só conheço duas ou três, já nem me lembro! Ainda por cima, na sequência de uma primeira tentativa (muito) bem sucedida, o que faz com que esta segunda tentativa seja ainda mais decepcionante.

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