terça-feira, setembro 19, 2017

NA CORDA BAMBA

2:22 - Hora Fatídica: CRÉDITOS COMPLETOS

"2:22" balança exactamente sobre aquela linha que separa o bom do mau, aquele ponto de equilíbrio em que um filme pode escorregar e ser um projecto falhado ou, com um golpe de génio, ser uma obra de excelência. Mantêm-se na corda bamba do assim-assim, do principio ao fim, sem perder ritmo mas, ao mesmo tempo, sem dar o salto para algo melhor. Tem à mão uma ideia interessante, é bem feito, mas depois acaba por não passar de puro entretenimento a borbulhar em banho-maria.


A produção é australiana, mas sempre a piscar o olho ao mercado americano. Toda a acção é passada em Nova Iorque e conta a história de Dylan (Michiel Huisman) a quem começam a  acontecer estranhos eventos, todos os dias às 2 horas e 22 minutos. Entretanto, sem motivo aparente, conhece Sarah (Teresa Palmer), com quem desenvolve uma relação amorosa. Nesse vai e vem entre a ficção cientifica e o romance, "2:22" não sabe para que lado há-de cair e mais uma vez balança-se na corda bamba de acabar por não ser nem uma coisa nem outra.


Os amantes de mistérios vão considerar o filme demasiado romântico; os amantes de romances, vão considerar o filme demasiado misterioso. E assim, uma história interessante, bem produzida, razoavelmente bem interpretada, perde-se no cai-não-cai da indecisão do que quer realmente ser. Paul Currie dirige este "2:22" com segurança, mas sem nunca dar aquele passo em frente que poderia fazer toda a diferença.
Parece ter medo de assumir o seu lado de ficção cientifica e thriller ao mesmo tempo que parece fugir de fazer uma história de amor.


"2:22" é tudo e, ao mesmo tempo, não é nada. Tal como Dylan, obcecado com padrões, o padrão principal do filme é colar pedaços de outros filmes, como se pretendesse fazer um cocktail entre a ficção-cientifica, o thriller e o romance, mas acaba por não passar duma água lisa que mata a sede mas não satisfaz. Os vários elementos da história são colados com cuspo, vão aparecendo como por acaso, sem conexão, e o filme não ganha consistência.


Este filme não tem (muito) más interpretações - sem serem brilhantes - e a premissa que lhe dá origem é interessante. Pode ter o suficiente para justificar uma olhadela ao DVD quando estiver disponível no videoclube ou uma espreitadela nos canais de aluguer de cinema, mas não creio que valha muito mais que isso. A verdade é que não passa dum cai-não-cai na corda bamba da vulgaridade.

Sem comentários: