sexta-feira, setembro 03, 2004

'Equador'

“Era um homem livre: sem casamento, sem partido, sem dívidas nem créditos, sem fortuna nem apertos, sem o gosto da futilidade nem a tentação do desmedido. O que quer que El-Rei tivesse para lhe dizer, para lhe propor, para lhe ordenar, a última palavra seria sempre sua. Quantos homens conhecia ele que se pudessem gabar do mesmo?”

Tem-se falado pouco de livros aqui. ‘Mea culpa’. Ultimamente têm entrado nesta casa mais tintas que letras, o que não é mau de todo.

Não foi um ano “em branco”. Leu-se o último da Filomena Mölder, o último do António Damásio e o último do Fernando Gil, um Tom Sharp - que é do melhor para ler na camioneta às 8 da manhã, com o pessoal todo a dormir ou a rogar pragas e eu a rir-me às gargalhadas! -, acabou-se o ‘Crash’ do Ballard que estava suspenso a meio há algum tempo, desistiu-se a meio do ‘Mulheres’ do Bukowski, foi muito divertido ler ‘Como Água Para Chocolate’ da Laura Esquivel e muito dramático ler ‘A Lista de Schindler’ do Keneally.

...Assim, de repente é o que me lembro.

Não é muito para um ano. Mas já houve tempos piores, em que não passava do ‘Ser e Tempo’ como pequeno almoço, as ‘Confissões’ como almoço e a ‘Ética’ como jantar. Porque comida mesmo, niqles! Só a da faculdade, que é o que sabe.

Mas há livros que são especiais. Ontem deu-me a travadinha. Não tinha nada para ler. Porra! Mesmo que não se leia, um gajo tem que ter em casa um livro “para ler”... Não sei se me entendem...

Comprei o “Equador” do Miguel Sousa Tavares.

Eu até nem curto muito o homem. Não é, digamos, um gajo que me caia no goto. Mas o livro estava mesmo ali à mão e depois de dar uma volta pelas livrarias de Torres – coisa que se faz em muito pouco tempo – as alternativas não eram muitas.

...E afinal...

Descobri um daqueles livros que não nos deixam dormir, nem comer, nem estudar... Só para não parar de ler! Um daqueles livros raros que depois de começado temos pena de ter de acabar.

Ainda só vou a um terço. Mas se a coisa se mantém assim, vai ser uma paixão e pêras!

NB – A citação inicial é da página 18.

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