Ao contrário de "Munique", em "Bridge of Spies" marca-se uma linha clara entre bons e maus e nunca são confundidos, nos métodos e nas intenções. Há os que lutam pela justiça e pela liberdade e há os outros, os que estão contra o mundo ocidental e representam todos os ideais a que temos de nos opor. Mas nem isto é novo em Steven Spielberg. As coisas devem ser claras e devemos sempre saber de que lado estamos.
Mas o advogado James B. Donovan (Tom Hanks) está longe de ser um Indiana Jones da guerra fria. Se as circunstâncias merecem métodos menos ortodoxos, pois que sejam usados! E o facto de o filme ser baseado numa história verídica, confere-lhe alguma credibilidade, mesmo nos momentos mais improváveis.
"Bridge of Spies" tem Spilberg ao nível do melhor "Cavalo de Guerra" e Hanks ao nível do melhor "Cast Away", por isso está tão perto da perfeição que até doí! O realizador faz o que sabe melhor: dramatizar, impor o ritmo; o actor faz o que sabe melhor: representar. O filme tem o peso e a medida perfeitas, onde cada um sabe a parte que lhe compete e ninguém interfere com o trabalho do outro.
Salvo algumas raras exceções, nem Spielberg nem Hanks são gente sem sal. "Bridge of Spies" é um filme bem temperado, com a dose certa de açúcar e pimenta. Nem enjoa de tanto doce, nem incomoda de tanto picante. A guerra fria já lá vai há décadas e os inimigos agora são outros. É maravilhoso recordar os tempos em que as coisas eram bem mais claras e as linhas estavam bem mais definidas.
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