sexta-feira, junho 17, 2016

SEM CICATRIZES




Um dos dilemas mais frequentes no cinema, é quando estamos perante um filme que tem tudo para ser excelente e, no fim, percebemos que algo falha no conjunto. Não se pode dizer que o argumento de "Blackway" seja realmente original - mas, nas mãos certas, isso não é necessariamente um obstáculo intransponível, assim a direção o deixe seguir o seu caminho.


 O realizador Daniel Alfredson - esse, da série Millennium - juntou em "Blackway" um elenco de fazer inveja a qualquer um. E se Anthony Hopkins não precisa de se esforçar muito, Julia Stiles é uma Lillian distante, quase desinteressada e Ray Liotta é um Blackway algo ausente, pouco assustador, considerando que é o centro de toda a ação.


Voltando à pergunta inicial: o que falha num filme, que tem tudo para ser excelente? Um bom elenco, um bom realizador, um argumento - não propriamente original - que pode ser tratado de forma competente, enfim, é como uma mesa de cozinha com todos os ingredientes de qualidade, onde um cozinheiro tem de tomar as opções certas para fazer um bom prato.


 Não me entendam mal: "Blackway" não é um mau filme; mas também não é um bom filme. Podia ter ação, suspense, drama, mas afinal não tem nada em quantidade e qualidade que mereça ser notado. É um prato requentado, considerando os ingredientes disponíveis - neste caso especifico, um conjunto de atores brilhantes... Noutros filmes!...


A realização não cria empatia e os atores parece que andam por ali a desempenhar um papel que não lhes pertence. Se é verdade que o filme não aborrece por aí além, também é verdade que muito menos entusiasma. É tempo totalmente perdido? Não. É uma hora e meia daquele cinema que entra e sai e não deixa cicatrizes. Ás vezes, pode ser mesmo o que está a apetecer!

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