sexta-feira, abril 14, 2017

UM DIÁRIO MAL ESCRITO

CRÉDITOS COMPLETOS

Um diário não tem de ser uma obra de incalculável valor literário, pode ser apenas o vómito do dia a dia ou de uma secessão de dias absolutamente vulgares. Ninguém precisa de ser o Guntrer Grass ou o Grabriel Gracia Marquéz para alimentar o gosto por registar num livrinho os acontecimentos quotidianos da sua existência.


O que não é preciso é que seja tão desinteressante como este "Dear Diary, I Died", que pretende ser um thriller, mas que perde todo a possibilidade de manter algum suspense, devido a uma previsibilidade tão desinteressante como tudo o resto de que é composto, a começar pela incapacidade dos atores de se identificar com os personagens - agindo exatamente como se estivessem apenas a representar um texto decorado -, enquanto Ben Demaree anda por ali com as câmaras, a fazer não se sabe bem o quê.



Diana (Nicole Coulon) suicida-se, mas a sua irmã Erica (Kelle Cantwell) não vai na conversa e inicia uma investigação, embrenhando-se no meio académico de Diana e metendo-se numa enorme confusão, suspeitando de que a morte foi assassinato. Nada mais vulgar, mas isso nunca impediu que outros filmes sobre o mesmo tema fossem suficientemente interessantes para merecer atenção.



Nada em "Dear Diary, I Died" é credivel, a começar pelo desempenho dos atores, e a história vai-se desenrolando numa vulgaridade e numa previsibilidade tão desesperantes, que o espetador dá por si a sonhar com o momento em que as luzes se vão acender, para poder sair do cinema o mais depressa possível. Mesmo - ou principalmente - naqueles momentos em que é suposta haver alguma reviravolta surpreendente ou algum momento de maior tensão, coisa que a plateia já antecipou há muito tempo.



O mais estranho no meio de tanta vulgaridade, é que "Dear Diary, I Died" até vem referenciado como premiado em alguns festivais independentes, o que irá servir de chamariz a mais alguns incautos para além de mim. Mas não se iludam, quando o filme chegar ao fim, vão sentir-se desesperados e o tempo perdido no cinema não vai valer uma única linha no diário de ninguém.

Sem comentários: