sexta-feira, julho 28, 2017

DO FIM PARA O PRINCÍPIO


Antes de Vos Deixar: CRÉDITOS COMPLETOS

Vamos já começar pelo fim: Samantha (Zoey Deutch) e o seu grupo de amigas, Lindsay (Halston Sage), Ally (Cynthy Wu) e Izzy (Erica Tremblay), parecem morrer num acidente de automóvel na noite de São Valemtim. Já está! O primeiro "spoiler" destas crónicas cinematográficas?... Engano. É que, a partir daí é que a aventura começa, porque a coitada da Sam vai entrar numa espiral de loucura, em que passou a acordar todos os dias no mesmo dia, dia após dia, e após dia, e após dia...


À primeira vista é como se a Samantha Kingston de "Before I Fall" tivesse encontrado o seu "O Feitiço do Tempo", ou o seu "Efeito Borboleta", ou o seu "No Limite do Amanhã", ou, sei lá, um outro qualquer, já que a história está tão explorada, que a lista não deve acabar com facilidade. Só que ao contrário do meteorologista Phil, ou de Evan, ou do soldado Cage, o dia desta adolescente é duma tal vulgaridade, que ficamos sem perceber exatamente porque razão merece ser repetido ao infinito. Ao ponto do espetador se sentir tão preso como a própria personagem.


Lauren Olivier escreveu um bestseller adolescente, que Maria Maggenti adaptou ao cinema. Como não li o livro, não sei como a autora consegue fazer com que o dia da personagem possa ter algum interesse especial, mas sei que a argumentista colocou toda uma plateia presa numa sala à espera de algo que parece não valer a pena ter acontecido. E a realizadora Ry Russo-Young fica com uma história redonda, tão redonda que não consegue parar de dar voltas no mesmo lugar.


É verdade que "Before I Fall" tem um mistério e isso vai mantendo o espetador interessado no desenlace do drama, mas a história vai avançando meio aos tropeções, entre o fim que já sabemos e os meios que, se não sabemos, vamos adivinhando sem dificuldade. Entre o desfecho e as peripécias, fica um dia repetido sem razão.


Convém os leitores destas pequenas crónicas não desistirem já de dar alguma atenção a "Before I Fall". Os atores fazem o seu papel com competência e o conjunto geral é suficientemente apelativo para merecer um olhar, pelo menos por aqueles mais interessados nas coisas da teia do tempo. Mas não esperem nada que já não tenham visto. Como um daqueles dias feitos de rotinas tão normais, que se hão-de repetir sem ser preciso fazer grande drama disso.

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