Amor e Justiça: CRÉDITOS COMPLETOS |
Esta não é a primeira vez que falo aqui de filmes que caiem do céu através da TV. Ver cinema na televisão tem vantagens e desvantagens, sendo a primeira de todas o total controlo da minha vontade. Ao contrário da sala de cinema, na sala da casa eu tenho o comando, só não mudo se não quiser. As desvantagens, pelo contrário, são inúmeras: a distracção - um cigarro, a conversa com a companhia, a ida ao frigorífico para uma cerveja, o telefone ou o vizinho que bate à porta. "Freeheld", no entanto, manteve-se o centro de todas as atenções e ainda bem.
A detective Laurel Hester (Julianne Moore) é diagnosticada com cancro, restando-lhe pouco tempo de vida, pelo que decide entregar a sua pensão à companheira, Stacie Andree (Ellen Page), mas o que seria uma opção normal em famílias tradicionais, torna-se um jogo politico devido à ausência de leis que regulamentem o casamento entre casais do mesmo sexo no estado de New Jersey. "Freeheld" é, portanto, um filme a puxar à lágrima, entre um drama familiar e os bastidores da burocracia.
Um filme que começa por parecer um policial sem sabor, passa depois por parecer um romance revolucionário sobre homossexualidade feminina, acaba por ser realmente um grito de revolta pela igualdade e pela justiça, sem hastear bandeiras hipócritas nem moralismos sem sentido. Apenas uma história sobre o amor e sobre os direitos humanos com base nas relações familiares, sejam quais forem as opções sexuais individuais. Não é muito e "Freeheld" não vai muito longe. É quase um "filme de tribunal", feito de forma ligeira mas sobre assuntos que tocam a todos.
A luta de Laurel e Stacie é muito mais colectiva que particular e o realizador Peter Sollet sabe bem fugir a estereótipos e falsas moralidades. O problema do casal poderia ser entre duas pessoas heterossexuais, que por decisão própria decidissem não casar, mas apenas viver juntas. É por isso que a homossexualidade dos personagens centrais é tão secundaria como o facto do filme começar por ser uma simples investigação policial. A partir de certa altura Michael Shannon (detective Dane Wells) toma as rédeas da acção e domina o ecrã, passando Laurel e Stacie a funcionarem quase como secundárias.
Quem já me conhece, pode dizer que gostei de "Freeheld" por causa das actrizes principais que admiro, mas garanto que é muito mais, até porque o filme exibe um elenco luxuoso e competente. Gostei do filme porque tem tudo o que é preciso para ser um final de dia com bom cinema. É um daqueles filmes que, provavelmente, não voltarei a ver, mas que não lamento nem um segundo do tempo que estive a ver desta vez.
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