segunda-feira, janeiro 08, 2018

TER ASAS E NÃO VOAR

O Boneco de Neve: CRÉDITOS COMPLETOS

Pelo que tenho percebido, "The Snowman" tem duas perspectivas para ser avaliado: há aqueles que conhecem a obra de Joe Nesbo e que criticam o filme por ser mais um policial que um filme de terror - que, segundo parece, é a matiz do livro -, por ter renunciado à violência explicita e optar por um registo mais misterioso que sanguinário, e depois os que, não conhecendo a história original - nos quais me incluo -, gostam do filme só porque é um policial competente, sem rasgos de genialidade, mas bastante bem conseguido.


O principal problema de "The Snowman" é a falta de simplicidade, os constantes recuos e avanços para explicar a história, que tornam a acção confusa e desnecessariamente emaranhada. Tentando dar-se ares de inteligente, acaba por perder demasiado tempo com o acessório esquecendo a trama central. Isso acaba por fazer com que o filme - sem dúvida competente - não descole do chão, quando percebemos que tem asas para voar muito alto.


Ao investigar o desaparecimento duma mulher, o detective Harry Hole (Michael Fassbender) depara-se com um complicado caso de um serial-killer e, para o solucionar, vai contar com a ajuda da competentíssima companheira Katerine Bratt (Rebecca Fergunson). Para contar esta história, que poderia descambar num simples espalha tripas, Tomas Alfredson dá voltas para complicar, tentando desesperadamente criar um policial emaranhado, onde poderia estar apenas um mistério simples e directo.


Não há qualquer problema em admitir que "The Snowman" é um filme competente - vamos deixar o livro de lado, também porque não conheço a história que foi um best-seller em 2007 -, mas há menos problema ainda em admitir que deixa um vazio de possibilidades, naquele sentido em que o espectador tem sempre a sensação que está perante um produto de qualidade, mas que no fim acaba por saber a pizza de micro-ondas, muito por culpa do próprio cozinheiro.



"The Snowman" é confuso porque Tomas Alfredson baralha o que podia ser simples. Irá agradar a quem gosta de histórias que vão colando peças ao longo do caminho e que têm reviravoltas finais, mas vai deixar um sabor amargo porque, com tantas complicações e para acabar dentro do orçamento, despacha um final algo atabalhoado e infantil. Uma tarde entretida mas não esperem muito. Promete mais do que realmente oferece.

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