Parasita: FICHA TÈCNICA |
Decidi-me finalmente a ver “Parasite”, o vencedor absoluto dos Óscars de 2020. Se estão a ler esta pequena crónica antes de terem visto o filme, aconselho vivamente a largarem o computador e correrem para o cinema. E depois, quando acabar, voltem ao principio e vejam outra vez. Este é um filme que merece ser rebobinado!
“Parasite” é divertido sem ser cómico, é dramático sem ser triste. Começa como uma fábula social – veio-me logo à cabeça o “Feios, Porcos e Maus” de Ettore Scola -, transforma-se numa espécie de policial e acaba como um slasher de série “B”.
O filme é, ao mesmo tempo, fácil e difícil de sintetizar: duas famílias de meios económicos opostos, vão cruzar-se de forma radical. E é tudo o que é importante saber antecipadamente. O realizador Bong Joon-ho não faz grandes segredos, leva o espectador pela mão com calma, com reviravoltas mas sem sobressaltos.
À primeira vista, o filme não é de sustos, nem inesperados, nem surpresas. Como diz Ki Taek (Kang-ho Song) “não vale a pena fazer planos, que a vida acaba sempre por alterar o previsto”. É melhor deixar tudo seguir o seu curso e agir em conformidade em cada momento e, nessa perspectiva, “Parasite” parece sempre ser de uma previsibilidade desconcertante. Quando não o é, o espectador acaba por ficar espantado com o facto de não ter previsto o que estava mesmo à vista que iria acontecer.
Ao contrário de outros filmes que já aqui falei, que tentam abordar tantos géneros diferentes, acabando numa salada desinteressante, “Parasite” é várias coisas – de drama a thriller, de comédia e romance – acabando por ser exactamente isso que é.
Como disse lá para trás, este filme vai pedir uma revisão. Repleto daquele tipo de surpresas, que só o são porque, de tão óbvias, o espectador se espanta por não as ter previsto. É, ao mesmo tempo, uma obra cheia de pequenas subtilezas que, no final, vamos querer rever, para tentar encontrar a ponta da meada, que nos fez perdê-las durante a primeira visualização.
“Parasite” vale a pena em todos os sentidos. Leva-nos pela mão com carinho, mantém-nos agarrados ao ecrã com o interesse sempre no pico, desperta-nos os sentidos para o pormenor e para o geral. Pode-se dizer que nada falha, nada está a mais, nada está a menos.
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